Foto 1 - O que ainda resta da sapata primitiva, do século XII |
Foto 2 - Aspecto da parte nascente do talude ainda por escavar |
Foto 3 - A parte já escavada. À direita, em cima, o detalhe da foto 1 |
Foto 4 - Sapata do Paços do Infante, semelhante à que foi irremediavelmente destruida |
Foto 5 - Quantidade de pedra já retirada da sapata agora destruída |
No post "Poupar no
farelo para estragar na farinha" focou-se aquilo que bem se pode chamar
o desastre arqueológico do Convento de Cristo, mais precisamente do
complexo monumental Castelo dos Templários/Convento de Cristo. Pessoal
de uma empresa ao serviço da autarquia tomarense destruiu já parte
substancial de uma sapata ou alambor do castelo, do século XII,
enterrada aquando das obras da enfermaria conventual, no século XVII.
Tal foi possível porque, segundo tudo indica, o projecto foi elaborado
sem que previamente tenham sido feitas observações cuidadas ou
sondagens no local, o que teria permitido projectar a bifurcação um
pouco mais para norte, uma vez que o terreno está livre, preservando
assim o que restava do velho castelo templário, que entretanto poderia
ser escavado, valorizado e mostrado aos visitantes. Assim, perdeu-se
uma rara oportunidade de poder verificar in loco a implantação
casteleja naquele local, fortemente danificada por ocasião das obras
supra referidas.
Agora que o mal
está feito, conquanto ainda se possa salvaguardar uma parte, têm-se
sucedido no local as algaradas entre responsáveis da obra e
responsáveis do Convento. Os da obra garantem que lhe foi dada
autorização para escavar o talude. Os do Convento negam que tal
autorização tenha sido dada e perguntam onde está o documento
comprovativo. Tudo isto na presença dos turistas que vão passando... Very typical indeed!!!
Em
qualquer cidade a sério de um país a sério, ou o empreiteiro teria
imediatamente interrompido os trabalhos logo que apareceu a sapata não
assinalada, ficando a aguardar instruções; ou a câmara teria ordenado a
suspensão dos trabalhos, logo que informada do desastre; ou o IGESPAR
já teria embargado a obra, mediante uma providência cautelar, invocando
prejuízos patrimoniais irreparáveis. Dado que estamos numa cidade de
faz de conta de um país como se sabe, faz de conta que não aconteceu
nada. Siga a música, siga a dança. E o governo que não se esqueça de
continuar a guarnecer as gamelas municipais, porque afinal isso é que é
fundamental. Simplesmente lamentável!!! Mas que havemos de fazer?!? -É
a vida! dizia o outro.
Há,
porém, duas perguntas incómodas mas inevitáveis: Depois disto, que
autoridade moral terá a autarquia para exigir aos particulares respeito
pelo património, quando os próprios empreiteiros de obras municipais o
não respeitam? Além de se considerarem acima de qualquer suspeita,
estarão os eleitos da relativa maioria igualmente convencidos de que a
Lei se lhes não aplica? Só nos faltava mais essa...
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