Se
por elite entendermos um grupo que pela inteligência, capacidade de
realização e liderança se impõe naturalmente aos demais; então, olhando
para a sociedade portuguesa, chegamos à conclusão que tal elite jamais
existiu. O clero foi sempre fraco, a aristocracia muito pouco nobre, a
alta burocracia/ nobreza togada avessa à selecção pelo mérito, a
universidade provinciana e triste, os militares uns fulanos sem pingo de
testa. Depois, abaixo, o povo, o povinho e o povão. Não, em Portugal
nunca houve elite, mas houve líderanças fortes: líderes militares,
líderes religiosos, líderes artísticos, líderes políticos. O grande
vazio da sociedade portuguesa é esse: não há autoridade e, assim, as
não-elites (povo, povinho, povão) ocupam os lugares, brincam às elites
mas não sabem mandar, confundem tudo e inventam abstrações que desculpam
a incompetência e, sobretudo, a incapacidade de se fazerem obedecer.
Portugal
precisa, urgentemente, de gente que saiba ordenar e o povo português
precisa de um banho Maria de autoridade. Sem isso, a coisa continuará
como está, ingovernável.
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