Dom Sebastião de Carlos Barahona Possollo (1992). |
«A Batalha de Alcácer Quibir teve lugar a 4 de Agosto de 1578. Após um período de desfecho incerto, o exército português e os seus auxiliares cristãos e marroquinos foram completamente derrotados. Na batalha morreram três reis e, por isso, é frequentemente designada por essa circunstância. D. Sebastião morreu em combate, Mulei Mohamede foi morto pelos seus adversários e Mulei Abdelmaleque (Mulei Maluco) faleceu de doença no final dos combates.A morte de D. Sebastião em Alcácer Quibir constituiu o maior desastre da História de Portugal porque abriu o grave problema de sucessão ao trono e a consequente tomada do poder por parte de Filipe II de Espanha. A derrota traduziu-se na morte e cativeiro de muitos nobres e milhares de homens que permitiram durante muito tempo, ao novo sultão obter ricos resgates.»
António Dias Farinha em História da Expansão Portuguesa (Vol. 1).
Perfaz hoje 433 anos sobre o fatídico desaire militar de Alcácer Quibir. Na contenda desapareceu o rei menino, D. Sebastião, que tantos tinham como o Desejado. O seu cognome acompanhou-o desde a sua pré-concepção ao além-morte, tendo o seu nome dado lugar a umas das mais importantes expressões da espiritualidade portuguesa, o sebastianismo.
O desaparecimento físico do monarca português, retirou-o dos domínios da história, elevando-o ao plano do mito. Esta transformação alquímica do suposto mártir numa entidade mitológica processou-se no imaginário português de uma forma bastante rápida, integrando-se de imediato no imaginário espiritual nacional, lugar onde a "certeza" histórica dos homens de pouco vale.
Alcácer Quibir foi uma segunda vivência da Paixão. D. Sebastião perdeu-se num estranho labirinto enquanto as hostes portuguesas foram derrotadas, para que na sequência do fatalismo que se seguiu fosse possível viver a alvorada da esperança, no regresso de algo ainda maior e por viver, expresso num sentimento encerrado no coração de todos os portugueses - a saudade.
Alcácer Quibir enquanto sacrifício cristológico é uma vitória, nunca uma derrota.
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