quarta-feira, 2 de novembro de 2011

A LUZ AO FUNDO DO TÚNEL

E de repente ficamos a saber que temos a maior reserva de ferro da Europa, que há interessados credíveis em a explorar, que isso implica obras na modernização do transporte ferroviário abandonado, que os portos de Leixões e Aveiro terão de ter obras de reformulação.

Surge o ouro no Alentejo, o gás natural no Algarve, o petróleo em Peniche, que sabemos agora, não teve apetência empresarial de exploração por duvidosas questões ambientais, levantadas por grupos de pressão favorecidos na sua capacidade de intervenção pela comunicação social.

Ficou claro também, que de repente que a União Europeia aceita a alteração do TGV, para uma via rápida de mista (mercadorias e passageiros) o que transforma o porto de Sines como a principal porta europeia para entrada e escoamento comercial, depois da próxima abertura do canal do Panamá…ficamos a saber também que afinal o porto de Algeciras estava já ligado à Europa através da via ferroviária com bitola europeia e assim percebemos melhor a razão do acordo Ibérico feito pelo governo de Sócrates e as vantagens económicas evidentes que adviriam para Espanha.

Tomamos também agora consciência pública que 1/3 do território nacional está em desertificação acelerada, através do alerta divulgado pelo Observatório Espacial Europeu…se bem que tal facto não tenha tido impacto na nossa comunicação social, porquanto levantaria problemas graves de consciência a políticos no activo. em particular ao senhor Presidente da Republica, responsável primeiro pelo estado lamentável de abandono da nossa actividade agrícola.

O sector primário… minas, energia, agricultura e pescas, é finalmente avaliado ainda apenas por alguns portugueses, como essência para o nosso arranque no caminho do desenvolvimento económico e da eliminação da dependência externa, que nos causou todo este empobrecimento brusco e violento.

A luz ao fundo do túnel é assim este pensamento estratégico, que a crise fez ressurgir.

O erro é hoje evidente…Portugal mesmo integrando uma União Europeia fulgurante no seu desenvolvimento, não poderia subsistir como Nação, preterindo o seu sector produtivo à visão de país eminente prestador de serviços.

A luz ao fundo do túnel é esta visão, triste é certo, de ouvir os “carrascos” da nossa produção agrícola e industrial, a falarem hoje na necessidade de consumir produtos nacionais.

Ainda haverá um largo caminho a percorrer para que esta pequena luz, ilumine os espíritos de políticos, sindicalistas e dirigentes patronais, que teimam a esquecer o pensamento económico estratégico, pois persistem em se manter bloqueados na exclusiva premissa do aumento da produtividade empresarial.

Os interesses particulares e de grupos corporativos, dominam ainda a mentalidade geral da economia portuguesa…os ganhos de produtividade estão bloqueados pela mentalidade sindical dominante, pela burocracia estatal, pelo enquadramento jurídico e pela ineficácia judicial. Muito tempo haveria que esperar pelas reformas essenciais que alterassem este enquadramento…mas o pensamento dominante persiste em acreditar que esta é a principal premissa do desenvolvimento.

Essa, e a injecção de dinheiro na economia…dinheiro emprestado e não criado.

É aqui, que está a verdadeira luz ao fundo do túnel…eliminar a nossa dinâmica de endividamento externo…pagar as nossas dívidas com dinheiro criado através da exploração dos nossos recursos naturais…sector primário.

Teremos ainda capacidade humana disponível para os sacrifícios inerentes à actividade mineira, à agricultura e às pescas?

Esta dúvida coloca-se no meu espírito, mas tenho esperança que o sofrimento que hoje muitos já sentem também irá ocasionar uma outra mudança na mentalidade dos portugueses…não é possível continuar a beneficiar dos direitos, sem deveres e esforço.

O Ministro da economia anunciou como provável o maior investimento de sempre realizado em Portugal através da cedência de exploração das minas de Moncorvo…há muitos outros projectos e finalmente Portugal começa a entender as suas próprias potencialidades.

O porto de Sines tem mais condições que o porto de Algeciras…o “papalvo” já fugiu para Paris.

A esperança de voltarmos a ter esperança, veio associada a esta crise e a mudança que ela determinará na nossa mentalidade será a condição determinante para que a nossa saudade do passado histórico se atenue, perante a luz que se alguns já visionam ao fundo do túnel.

José J. Lima Monteiro Andrade 

Sem comentários:

Enviar um comentário