quinta-feira, 10 de novembro de 2011

857º ANIVERSÁRIO NATALÍCIO DE SUA MAJESTADE DOM SANCHO I, O POVOADOR

D. Sancho I de Portugal (Coimbra, 11 de Novembro de 1154 - Coimbra, 26 de Março de 1211), cognominado o Povoador (pelo estímulo com que apadrinhou o povoamento dos territórios do país - destacando-se a fundação da cidade da Guarda, em 1199, e a atribuição de cartas de foral na Beira e em Trás-os-Montes: Gouveia (1186), Covilhã (1186), Viseu (1187), Bragança (1187), etc, povoando assim áreas remotas do reino, em particular com imigrantes da Flandres e Borgonha.

Biografia

Quarto filho do monarca Afonso Henriques, foi baptizado com o nome de Martinho, por haver nascido no dia do santo com o mesmo nome, e não estaria a ser preparado para reinar; no entanto, a morte do seu irmão mais velho, D. Henrique, quando contava apenas três anos de idade, levou à alteração da sua onomástica para um nome mais hispânico, ficando desde então Sancho Afonso.

Em 1170, Sancho foi armado cavaleiro pelo seu pai logo após o acidente de D. Afonso Henriques em Badajoz e tornou-se seu braço direito, quer do ponto de vista militar, quer do ponto de vista administrativo. Nestes primeiros tempos de Portugal enquanto país independente, muitos eram os inimigos da coroa, a começar pelo reino de Castela e Leão que havia controlado Portugal até então. Para além do mais, a Igreja Católica demorava em consagrar a independência de Portugal com a sua bênção. Para compensar estas falhas, Portugal procurou aliados dentro da Península Ibérica, em particular o reino de Aragão, um inimigo tradicional de Castela, que se tornou no primeiro país a reconhecer Portugal. O acordo foi firmado 1174 pelo casamento de Sancho, então príncipe herdeiro, com a infanta Dulce Berenguer, irmã mais nova do rei Afonso II de Aragão.

No ano de 1178, D. Sancho faz uma importante expedição contra mouros, confrontando-os cerca de Sevilha e do rio Guadalquivir, e ganha-lhes a batalha. Com essa acção, expulsa assim a possibilidade deles entrarem em território português.

Com a morte de Afonso Henriques em 1185, Sancho I torna-se no segundo rei de Portugal. Tendo sido coroado na de Coimbra, manteve essa cidade como o centro do seu reino. D. Sancho deu por finda as guerras fronteiriças pela posse da Galiza e dedicou-se a guerrear os Mouros localizados a Sul. Aproveitou a passagem pelo porto de Lisboa dos cruzados da terceira cruzada, na primavera de 1189, para conquistar Silves, um importante centro administrativo e económico do Sul, com população estimada em 20.000 pessoas. Sancho ordenou a fortificação da cidade e construção do castelo que ainda hoje pode ser admirado. A posse de Silves foi efémera já que em 1190 Abu Yusuf Ya'qub al-Mansur cercou a cidade de Silves com um exército e com outro atacou Torres Novas, que apenas conseguiu resistir durante dez dias, devido ao rei de Leão e Castela ameaçar de novo o Norte.

Sancho I dedicou muito do seu esforço governativo à organização política, administrativa e económica do seu reino. Acumulou um tesouro real e incentivou a criação de indústrias, bem como a classe média de comerciantes e mercadores. Sancho I concedeu várias cartas de foral principalmente na Beira e em Trás-os-Montes: Gouveia (1186), Covilhã (1186), Viseu (1187), Bragança (1187), etc, criando assim novas cidades, e povoando áreas remotas do reino, em particular com imigrantes da Flandres e Borgonha. O rei é também lembrado pelo seu gosto pelas artes e literatura, tendo deixado ele próprio vários volumes com poemas. Neste reinado sabe-se que alguns portugueses frequentaram universidades estrangeiras e que um grupo de juristas conhecia o Direito que se ministrava na escola de Bolonha. Em 1192 concedeu ao mosteiro de Santa Cruz 400 morabitinos para que se mantivessem em França os monges que lá quisessem estudar.

O seu túmulo encontra-se no Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra, ao lado do túmulo do pai.

Descendência

Por sua mulher, Dulce de Barcelona , infanta de Aragão (1152-1198, filha da rainha Petronila ou Petronilha de Aragão :
  1. Beata Teresa de Portugal, infanta de Portugal (1176-1250), casou com o rei Afonso IX de Leão.
  2. Beata Sancha de Portugal, infanta de Portugal (ca.1180-1229), abadessa do Lorvão.
  3. Raimundo de Portugal (ca.1180-1189).
  4. Constança de Portugal (1182-1202).
  5. Afonso II de Portugal (1185-1233) casou com Urraca de Castela, rainha de Portugal (1185 - 1220).
  6. Pedro, infante de Portugal (1187-1258), conde de Urgel pelo casamento com Aurembiaix Armengel; foi também Senhor de Maiorca.
  7. Fernando, infante de Portugal (1188-1233), viveu no estrangeiro, casou com Joana da Flandres.
  8. Henrique de Portugal (1189-?).
  9. Branca, infanta de Portugal (1192-1240), senhora de Guadalajara.
  10. Berengária, infanta de Portugal (1194-1221), casada com o rei Valdemar II da Dinamarca.
  11. Beata Mafalda de Portugal, infanta de Portugal (ca.1200-1257), casada com o rei Henrique I de Castela, depois fundadora do mosteiro cisterciense de Arouca e sua primeira abadessa.
Realeza Portuguesa
Casa de Borgonha
Descendência
PortugueseFlag1185.svg
Filhos naturais:
  1. Martim Sanches de Portugal, conde de Trastâmara
  2. Urraca Sanches
  1. Rodrigo Sanches (1200-1246)
  2. Gil Sanches (1200-1236)
  3. Nuno Sanches
  4. Maior Sanches
  5. D. Teresa Sanches (1205-1230) casou com D. Afonso Teles (1170 - 1230), 2º senhor de Meneses, 1º senhor de Albuquerque.
  6. Constança Sanches (1210-1269)
  1. Pedro Moniz ou Pero Moniz (1170 -?)

Bibliografia

  • Manuel José da Costa Felgueiras Gayo. Nobiliário das Famílias de Portugal (em português). 2ª ed. Braga: Carvalhos de Basto, 1989. vol. VII, pg. 61 e vol. X, pg. 64 p.
  • José Augusto Sotto Mayor Pizarro. Os Patronos do Mosteiro de Grijó (em português). 1ª ed. Ponte de Lima: Carvalhos de Basto, 1995. 125, 143 p.
  • Maria João Violante Branco. D. Sancho I.: O filho do fundador (em português). Colecção Reis de Portugal ed. Lisboa: Círculo de Leitores, 2006.
  • Armando de Sousa Pereira. (2010). "Silves no itinerário da terceira cruzada: um testemunho teutónico" (em português). Revista Militar (62): 77-88. Página visitada em 11 de Junho de 2010.

Sem comentários:

Enviar um comentário