O padre Afonso da Cunha Duarte, sacerdote e investigador, director doArquivo Diocesano do Algarve, considera que a implantação da Repúblicanesta região do país, fez com que “tanto os frades como o clero diocesano” fossem “perseguidos”.
Autorda obra «A República e a Igreja no Algarve», este especialista revela,em entrevista hoje publicada pela Agência ECCLESIA, que, na imprensa doinício do século XX, a Igreja era rotulada como “«jesuítica»,«inquisitorial», «ultramontanista» e «miguelista»”.
“A catequese política abundava na imprensa regional”, acrescenta.
Osacerdote refere que os conflitos com a Igreja se avolumavam e “osdistúrbios eram frequentes, de modo particular nos enterros de algunsrepublicanos mais exaltados, declaradamente inimigos públicos daIgreja”.
Após uma investigação de 15 anos, o padre Afonso da Cunha Duarte destaca a figura de D. António Barbosa Leão (1860-1929), bispo do Algarve entre 1908 e 1919, um monárquico constitucionalista que manteve sempre o distanciamento na luta partidária.
“Até aconselhava os padres para não se imiscuírem na política”, diz o investigador.
A Lei da Separação, de Abril de 1911, apanhou de surpresa o bispo, o qual não esperava que “fosse tão aguda e tão radical”.
“Todavia, não se calou e sofreu as consequências: prisão e exílio. Pagou amargamente a sua frontalidade”, assinala o director do Arquivo Diocesano do Algarve.
A diocese do Algarve ficou sem Seminário e em Lagos, Lagoa, Tavira e S. Brás de Alportel alguns padres foram presos “por denúncia dos caciques locais”.
AComissão Municipal Administrativa da cidade de Faro, que tomou possepoucos dias depois da Implantação da República, pediu a cedência dacasa anexa ao Paço Episcopal no dia 27 de Outubro, espaço que albergavaa tipografia.
“O pretexto para o pedido da cedência foi uma causa justa e filantrópica: a criação de novas escolas primárias, mas visavasobretudo silenciar a voz da Igreja. Os republicanos diziam que atipografia não podia continuar a difundir «propaganda reaccionária»”, observa Afonso da Cunha Duarte.
ODecreto de Expulsão de D. António Barbosa Leão é publicado a 12 deJaneiro de 1912, mas o bispo tinha saído do território no dia anterior.
“D.António não abandonou o clero nem a diocese. Frequentemente, enviavainstruções sobre o tratamento a ter com os «padres pensionistas»,côngrua paroquial, bens paroquiais, estudos eclesiásticos dosseminaristas e reorganização das paróquias”, elenca o investigador.
Passados dois anos, a 11 de Janeiro de 1914, o bispo voltou novamente à diocese, em “apoteose”.
“Nuncase imaginou que aquele bispo entrasse triunfalmente na cidade de Faro.Como não tinha onde residir, foi habitar no Seminário ad hoc, numa casada Rua do Município, oferecida pelo Padre António Antunes, capelãonaval”, recorda o padre Afonso da Cunha Duarte.
(fotografia do Seminário São José, Faro, 1914)
Autorda obra «A República e a Igreja no Algarve», este especialista revela,em entrevista hoje publicada pela Agência ECCLESIA, que, na imprensa doinício do século XX, a Igreja era rotulada como “«jesuítica»,«inquisitorial», «ultramontanista» e «miguelista»”.
“A catequese política abundava na imprensa regional”, acrescenta.
Osacerdote refere que os conflitos com a Igreja se avolumavam e “osdistúrbios eram frequentes, de modo particular nos enterros de algunsrepublicanos mais exaltados, declaradamente inimigos públicos daIgreja”.
Após uma investigação de 15 anos, o padre Afonso da Cunha Duarte destaca a figura de D. António Barbosa Leão (1860-1929), bispo do Algarve entre 1908 e 1919, um monárquico constitucionalista que manteve sempre o distanciamento na luta partidária.
“Até aconselhava os padres para não se imiscuírem na política”, diz o investigador.
A Lei da Separação, de Abril de 1911, apanhou de surpresa o bispo, o qual não esperava que “fosse tão aguda e tão radical”.
“Todavia, não se calou e sofreu as consequências: prisão e exílio. Pagou amargamente a sua frontalidade”, assinala o director do Arquivo Diocesano do Algarve.
A diocese do Algarve ficou sem Seminário e em Lagos, Lagoa, Tavira e S. Brás de Alportel alguns padres foram presos “por denúncia dos caciques locais”.
AComissão Municipal Administrativa da cidade de Faro, que tomou possepoucos dias depois da Implantação da República, pediu a cedência dacasa anexa ao Paço Episcopal no dia 27 de Outubro, espaço que albergavaa tipografia.
“O pretexto para o pedido da cedência foi uma causa justa e filantrópica: a criação de novas escolas primárias, mas visavasobretudo silenciar a voz da Igreja. Os republicanos diziam que atipografia não podia continuar a difundir «propaganda reaccionária»”, observa Afonso da Cunha Duarte.
ODecreto de Expulsão de D. António Barbosa Leão é publicado a 12 deJaneiro de 1912, mas o bispo tinha saído do território no dia anterior.
“D.António não abandonou o clero nem a diocese. Frequentemente, enviavainstruções sobre o tratamento a ter com os «padres pensionistas»,côngrua paroquial, bens paroquiais, estudos eclesiásticos dosseminaristas e reorganização das paróquias”, elenca o investigador.
Passados dois anos, a 11 de Janeiro de 1914, o bispo voltou novamente à diocese, em “apoteose”.
“Nuncase imaginou que aquele bispo entrasse triunfalmente na cidade de Faro.Como não tinha onde residir, foi habitar no Seminário ad hoc, numa casada Rua do Município, oferecida pelo Padre António Antunes, capelãonaval”, recorda o padre Afonso da Cunha Duarte.
(fotografia do Seminário São José, Faro, 1914)
Fonte: Blogue da Real Associação do Médio Tejo e Agência Ecclesia
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