Muitas vezes vemos em redes sociais, ou eventos monárquicos variados, a tendência para misturar a defesa da Monarquia com ideologias político-partidárias e muitas vezes ao se misturar tais pensamento, corre-se o risco de ter uma atitude fracturante e que, quer se goste ou não, não ajuda a Monarquia.
Ninguém é dono da verdade. Ninguém é perfeito. Ninguém é dono de princípios. Os princípios já cá estavam, antes de existirmos. Ou os adaptámos, ou os melhorámos, mas a raíz já cá estava.
Então:
Como defender a Monarquia sem ter uma atitude fracturante?
Como defender uma Ideologia Político-Partidária, sem prejudicar a luta Monárquica?
Não sou eu obviamente que vou dar a Regra de Ouro. Mas vou apenas dar a minha opinião.
Na defesa da Monarquia, é fundamental que seja definida, de uma vez por todas, em Portugal, que tipo de Monarquia os Monárquicos defendem para Portugal? Acredito, e aliás é óbvio, que a grande maioria defende uma Monarquia Parlamentar e Democrática.
Assim sendo, é fundamental, haver material empírico que explique claramente o que é uma Monarquia Parlamentar e Democrática? Não se pode defender a Monarquia apenas e só com base na História de Portugal. A defesa da Monarquia deve ser feita com base em conhecimento teórico e empírico, em termos Políticos, relativamente ao funcionamento e vantagens dos regimes Monárquicos Europeus.
Grande erro que muitas vezes é cometido no meio Monárquico. Os Países Nórdicos, muitas vezes citados, e cuja maioria são Monarquia Parlamentares, e que cujo grau de desenvolvimento humano (etc.) é claramente superior ao da República Portuguesa e outras repúblicas. Tal facto, não é apenas por causa da Monarquia. Mas sim, devido aos princípios éticos e morais que estão claramente implantados nessas sociedades, que como se sabe, são Protestantes Luteranas. E como se sabe, ou se deveria saber, o Protestantismo Luterano (neste caso concreto), favorece o livre mercado que acaba por favorecer o desenvolvimento económico e o nível de vida das populações e por outro lado, garante uma ética e moral que as restantes sociedades europeias nunca conseguirão atingir, nomeadamente os Países Católicos, como Portugal, Espanha, Itália… Como se sabe, ou como se deveria saber, a Igreja Católica condenou durante muitos anos, a livre concorrência, o livre mercado, o Capitalismo no seu todo. Aliás, por graça, costumo dizer que só mais anti-capitalista que a Igreja Católica, só mesmo o Comunismo…
O que não quer dizer, obviamente, que hoje, em pleno século XXI, 400 anos depois da Reforma Protestante, Portugal, numa perspectiva completamente diferente da de outros tempos, não se possa desenvolver com uma maioria da sociedade Católica.
Eu não quero estender muito mais a corda relativamente à Religião. Só quis afirmar, que dada a realidade portuguesa, apontar os Países Nórdicos como um exemplo a seguir, só deverá ser sublinhada a forma como funcionam as Monarquias a nível Institucional. Não podemos criar falsas expectativas ao nosso Povo. Numa situação de crise como a que estamos a viver, então, é absolutamente condenável, porque por muito que queiramos que a Economia Portuguesa cresça, que a Sociedade Portuguesa viva melhor, o nível de prosperidade e o desenvolvimento desses países é demasiado elevado para pensarmos que a médio prazo a Monarquia Portuguesa pudesse lá chegar.
Devemos separar as águas!
Neste ponto precisamente. Devemos saber informar os Portugueses das vantagens da Monarquia, enquanto Instituição Representativa do Estado. Devemos separar a defesa da Monarquia das ideologias fracturantes político-partidárias que fazem parte da natural competição democrática.
Por outras palavras, entendo que por um lado devemos defender a Monarquia enquanto Instituição Representativa do Estado, mas por outro lado, de acordo com as ideologias de cada um, juntarmos-nos a um Partido Político, seja ele de esquerda ou direita, e lutar pela ideologia que defendemos, lutar por Causas.
Assim, ser-se Monárquico não me obriga a ser do CDS-PP, nem do PSD, nem do PPM, nem de outro partido qualquer. Ser Monárquico permite-me saber defender Causas num Partido da esquerda à direita e ao mesmo tempo, por outro lado, defender o Rei e a Família Real e a Instituição Real por eles representada sempre que seja necessário.
Ao serviço das respublica, estará sempre o Rei.
Assim, defender uma ideologia político-partidária significa estar a defender os interesses de Portugal, a nível interno e externo representando um Partido Político, não importa qual.
O grande problema da divisão dos Monárquicos está precisamente neste ponto. Porque os Monárquicos ao longo destes últimos anos, pelo menos desde que me recorde, ao defenderem a Monarquia também têm estado a defender a Causa Pública. Quando se defende a Monarquia, é a Instituição que queremos que represente a Nação. Recordo que numa Monarquia Parlamentar e Democrática, o Rei reina e NÃO GOVERNA! Se assim é, porquê misturar a defesa da Instituição Monárquica com a defesa de Causas Públicas? Portanto, se o Rei não governa, não faz sentido, misturar as águas.
É um facto que existe em Portugal o PPM – Partido Popular Monárquico. O PPM é um bom exemplo para os Monárquicos que não se revejam no PPM mas que queiram estar noutro partido, o que é perfeitamente legítimo. O Partido Popular Monárquico, muito bem, tem defendido a Causa pública em autarquias e até na Assembleia Regional do Açores, cujo actual Líder – Paulo Estêvão, é Deputado. E só quando é chamado a intervir na defesa do Ideal Monárquico, é que intervém publicamente. Mas primeiro, pelo que me apercebi, procura defender a Causa pública, com o seu programa e valores.
Agora, ser-se Monárquico, não obriga necessariamente ninguém a ser militante do PPM. Só deve ser militante do PPM quem além de defender a Monarquia se reveja nos princípios, valores e programa do Partido.
Assim, muitos Monárquicos estão filiados no CDS-PP. Consideram-se ideologicamente, Democratas Cristãos.
Outros estão filiados no PSD. Consideram-se ideologicamente, Sociais-Democratas.
Outros ainda estão filiados no PS. Consideram-se ideologicamente Socialistas.
É legitimamente plausível que qualquer que seja o Cidadão Português Monárquico, se reveja verdadeiramente na ideologia político-partidária que vota ou que adere, se tornando militante de um determinado partido político.Nunca deixará de ser Monárquico se for socialista ou se for bloquista, ou se for nacionalista, ou democrata-cristão.
Pelo que, defender a Monarquia é uma coisa. Defender uma Ideologia é outra! Para bem da defesa da Instituição Real, saibamos separar as águas.
Publicado por David Garcia em PDR-Projecto Democracia Real
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