sábado, 22 de outubro de 2011

JOÃO CAMOSSA (II) - 15/12/1925-16/10/2007

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Testemunhos

“…este verdadeiro erudito doutor com uma impressionante história e currículo de activismo político, sempre foi presença incómoda.…”
 
“…Radical, denominava-se de monárquico anarco-comunalista…”
 
“…Aquele homem de tudo sabia e de muito falava. Biografias inteiras, histórias picarescas de grandes vultos, filosofia e surpreendentemente, um espantoso conhecimento territorial do país que calcorreava a pé, por montes, vales cidades e vilas. Por vezes, tornava-se incompreensível e o seu grandioso argumentativo – a dialéctica de outros -, era susceptível de desesperar os mais pacientes…”
 
“…Num dia de Cimeira da AD marcada para a sede do extinto PPM – o que hoje existe é uma indigna caricatura do original -, ao deparar com a chegada do 1º ministro Balsemão e do ministro Freitas do Amaral, virou-se para os jovens e na sua inconfundível voz de trocista inveterado, sentenciou:
 
“Meus senhores, chegaram os caixeiros-viajantes. Podemos começar!”…”
 
“...Era um homem difícil de compreender, dada a sua resposta pronta e a fama de polemista que todos contradizia pelo prazer de manter viva a conversa. Deliciava-se em provocar os mais jovens, acicatando-os para um combate de selva que servia como treino para outras e mais persistentes lutas futuras, contra adversários mais irredutíveis, porque bem instalados. Queria sempre mais respostas, novos desafios e outros temas que nos mantivessem junto dele. Apresentava uma certa ideia do mundo, onde Portugal era a peça central, inamovível numa grandeza histórica bem possível de reconquistar para a normalidade dos dias em que se sucedem as gerações. Fez-nos acreditar na possibilidade do improvável e hoje, esteja onde estiver, deve saborear aquele valeu a pena!, que há uns vinte e cinco anos nos garantia como infalível meta…”

Nuno Castelo-Branco in http://estadosentido.blogs.sapo.pt/1040623.html
“…"Quando chega D. Sebastião?", perguntava um brincalhão ao telefone, pouco depois do 25 de Abril de 1974. "Daqui fala o próprio", retorquia, da sede do Partido Popular Monárquico, João Camossa. Nessa época - antes das primeiras eleições -, lia-se nas paredes: "Queremos o Camossa na Assembleia."…”
 
“…Os seus argumentos, simplicidade e emoção oratória não deixavam ninguém indiferente. Era um homem de histórias que adorava as tertúlias e a conversa inteligente. …”
 

“…Ninguém como ele sabia tanto da “pequena história” de Portugal! E quantas vezes saíam recortes de notícias, esboços de mapas, papéis rabiscados com notas das algibeiras do seu casaco, sempre recheadas de mistérios...”
 
“…O João foi um dos homens mais inteligentes que conheci. Dos mais cultos. Dos mais sábios.
 
Não tinha, nem pela humanidade nem por si próprio, uma consideração por aí além. Abominava o doutor Oliveira Salazar e o socialismo, achava que as pessoas se deviam agrupar em pequenos núcleos, já que, nos grandes, o diálogo era impossível. A si próprio atribuía, como ideologia, o “anarco-comunalismo”, coisa mirífica onde as pessoas se deviam dar bem porque se ignorariam quanto pudessem, e onde o Estado se tornaria (quase) desnecessário. Talvez por isso era monárquico, concebida a monarquia como um sistema em que o chefe era próximo porque longínquo, doce, estimado, não estava sujeito às discussões dos fabricantes delas e só aparecia quando era indispensável, na certeza de que o ideal era que não precisasse de aparecer.
 
O João leu coisas que ninguém mais leu, sabia coisas que a mais ninguém era dado saber, pensava coisas que ninguém mais pensava.
 
Por baixo das anedotas que a seu respeito se contavam, talvez por ele incentivadas, escondia-se um ser pensante, quase genial, que raciocinava a galope e chegava a conclusões que causavam estranheza, inveja, até repulsa à chã farronca do comum dos mortais.….”
 
“…Os seus escritos, que transportava em bolsos imensos, quase a arrastar pelo chão, a contestação de Bernstein e Marx, as críticas ao senhor Soares (Mário), como ele lhe chamava, as suas teses sobre a nacionalidade, os descobrimentos, o miguelismo, sei lá, tudo deve estar perdido. Deve-lhe ter caído dos tais bolsos, já rotos, vítimas da usura e do desleixo.
 
Há Homens que muito poderiam ter dado, ou deixado, ao seu semelhante. Assim não aconteceu com João Carlos Camossa de Saldanha, não porque não tivesse produzido, e muito, mas porque nunca teve intenção de fazer disso honra...”
 
António Borges de Carvalho ihttp://irritado.blogs.sapo.pt/74027.html


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