sexta-feira, 14 de outubro de 2011

A HISTÓRIA REPETE-SE. SERÁ? ENTÃO HAJA ESPERANÇA, MOTIVAÇÃO E DETERMINAÇÃO.

Em 1578, D. Sebastião animado pela sua campanha de Tanger (1574) decide dar resposta aos apelos das Cortes para travar a dominância do Império Otomano no Norte de África e assim defender as nossas Praças comerciais. Ouve muitas vozes contra a campanha de D. Sebastião.
 
Em 1974, o Estado Novo mantinha há mais de dez anos uma campanha militar em África, para travar a influência do Império Soviético nos territórios ultramarinos portugueses. Havia também vozes de protesto contra a determinação nacional em defender os seus interesses e contra a sua opção estratégica ocidental, no quadro da guerra fria.
 
D. Sebastião morre em Alcácer Quibir, morrem muitos nobres que constituíam a nata do nosso exército e ficamos depauperados com os resgates que tivemos de pagar pelos sobreviventes.
 
Em 1975, Portugal entrega os seus territórios ultramarinos às forças de influência soviéticas e o nosso exército sofre uma derrota política humilhante, que coloca as chefias na prateleira. Também ficamos depauperados pela necessidade de receber (mesmo sem dignidade) os nossos compatriotas retornados.
 
Ter participado na derrota de Alcácer Quibir foi humilhante para os que voltaram, como foi humilhante para os retornados a forma como tiveram de fugir e ser recebidos no continente.
 
Em 1580 com um Cardeal Rei moribundo e hesitante, estávamos sem norte, sem dinheiro e sem desígnio. O nosso Império era cobiçado.
 
Em 1975, o General Spínola, rotulado de traidor e hesitante, estávamos sem norte, sem dinheiro e sem desígnio. O nosso Império tinha terminado.
 
Cristovão de Moura foi a personalidade política que ao serviço de Filipe II, conseguiu comprar e impor um novo sonho, numa elite desorientada, através da ilusão de passarmos a pertencer ao Império dos Habsburgos.
 
Mario Soares, ao serviço da Internacional Socialista, consegue o mesmo, através do sonho europeu e transforma-se no político eminente do Portugal pós revolucionário em 1975.
 
Em 1580, passamos a pertencer ao Império europeu dos Habsburgos.
 
Em 1985 passamos a pertencer á Comunidade Económica Europeia.
 
O populismo nacionalista de António Prior do Crato foi derrotado pela intriga religiosa católica, que o conotou com os inimigos anglicanos seus apoiantes. Os seus “amigos” não o acompanharam quando desembarcou em Peniche, para cercar Lisboa, onde teria apoio de uma armada britânica comandada por Drake.
 
O populismo de Sá Carneiro, resistiu às tentativas maçónicas de conotação e rotulagens diversas, mas não resistiu ao assassinato.
 
Duas formas, muito comuns na história de Portugal de travar as popularidades e as suas dinâmicas, quando não seguem os ventos dos interesses dos dominantes europeus.
 
As promessas de Filipe II feitas nas Cortes de Tomar, foram sendo esquecidas nos reinados seguintes e as vantagens oferecidas aos nobres portugueses, transformaram-se em obrigações de sacrifício. A ilusão europeia de passar a pertencer a um grande e rico Império familiar, que silenciou o povo apesar da sua descrença, também passou a pesadelo através das exigências de progressivos aumentos do pagamento de impostos para a preservação da luxúria e do poder.
 
As promessas dos Fundos Estruturais e as ilusões de pertencermos a uma sociedade rica e de bem-estar, também começaram progressivamente a desvanecer-se, quando a União Europeia nos passou a exigir comedimento perante os nossos excessos de despesismo e desbarato dos dinheiros públicos.
 
Portugal europeu do início do século XV, passou a ser um contribuinte líquido do Império dos Habsburgos. Portugal europeu do início do século XXI, também passou a contribuinte líquido. Há 400 anos ainda foi preservada a nossa moeda, hoje já não temos esse instrumento de soberania política.
 
O aumento dos impostos, estiveram na origem da revolta do Manuelinho ou Alterações de Évora de 1637, que se expandiram por todo o país e são o rastilho que levou à Restauração de 1640. Foi o grito de “Basta” do povo, que nunca sentira vontade, nem afinidade perante uma dinâmica que o empobrecia. Os Nobres agora obrigados a servir nos exércitos dos Habsburgos e perante o evidente desmoronamento do seu Império, sentiram que havia chegada a hora de restabelecer a independência.
 
O actual desmesurado aumento da carga fiscal está a destruir também agora, toda uma classe média, que é o suporte da nossa sociedade. Sectores empresariais foram sacrificados pela política europeia…a Agricultura, as Pescas, a Construção Naval, o pequeno Comercio, a pequena Industria, numa dinâmica profundamente errada que partia da premissa de que pertencíamos a uma União Política, que nos forneceria todas as nossas necessidades e nos poderia dispensar desse trabalho produtivo.
 
A crise Europeia anuncia o desmoronamento do seu projecto Federalista.
 
A tomada de consciência popular sobre as consequências da perda de soberania nacional está a começar a generalizar-se …. as “Alterações”, poderão surgir quando também se começar a entender que temos mais afinidades culturais e afectivas na América do Sul, em África e até na Ásia, do que na Europa a que afinal nunca pertencemos por vontade própria.
 
Nunca poderemos mudar a nossa situação geográfica privilegiada de porta de entrada e saída da Europa, por isso nunca poderemos abdicar de compromissos com os seus povos e as suas Nações, mas isso não pode levar a que esqueçamos as nossas afinidades naturais, históricas e afectivas e a desperdiçar as oportunidades de riqueza que no futuro isso nos poderá proporcionar.
 
O domínio Filipino levou a perda de muito património ultramarino nacional…ficou porém o suficiente para preservarmos uma Nação e até para usufruir de momentos de riqueza.
 
A descolonização não apagou a viabilidade de uma nova forma de recuperação do nosso protagonismo em associação com os países de língua e cultura lusófona.
 
É que hoje o domínio administrativo sobre os territórios não é determinante para a obtenção de riqueza nacional…bem mais importante será a afinidade cultural/afectiva e a nossa capacidade de a usar.
 
Será que a história se vai repetir?
 
Viva Portugal independente e soberano.
 
José J. Lima Monteiro Andrade 
 

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