sábado, 3 de dezembro de 2011

O LIBERTADOR DA PÁTRIA



No Primeiro de Dezembro vale bem a pena recordar um dos maiores portugueses de sempre, que dedicou a vida à restauração da independência de Portugal, hoje celebrada.

D. António Luís de Meneses, 3º Conde de Cantanhede, nasceu ainda no final do século XVI em data que não se pode precisar. Participou activamente na conjura contra o domínio espanhol e em 1 de Dezembro de 1640 ajudou a tomar de assalto o Paço da Ribeira e a expulsar a Duquesa de Mântua, que governava Portugal em nome de Felipe IV. Nesse mesmo dia, após a aclamação de el-rei  D. João IV, o Conde foi nomeado coronel das tropas restauradoras.

Criou em Coimbra um regimento com 1660 homens, que ficou famoso pela bravura e eficácia nos incessantes confrontos com os espanhóis ao longo da raia.

A fama não passou despercebida a D. Luisa de Gusmão, a rainha regente por menoridade de D. Afonso VI, que solicitou a sua partida em socorro de Elvas, cercada por um poderoso exército espanhol de 3000 homens comandados pelo general Luis Mendez de Haro. A 14 de Janeiro de 1659 deu-se a grande batalha das linhas de Elvas, durante a qual o Conde de Cantanhede e os seus homens desbarataram por completo as tropas inimigas.

Pelo feito glorioso de Elvas, D. António Luís de Meneses foi agraciado em 1661 com o título de Marquês de Marialva, a que mais tarde seriam acrescentados juro e herdade.

Armas dos Senhores e Condes de Cantanhede e Marqueses de Maraialva
Na sequência de um período de disputa política, el-rei D. Afonso VI e o plenipotenciário Conde de Castelo Melhor substituíram-no no comando do Alentejo pelo Conde de Vila Flor, o mesmo que o Marquês de Marialva libertara do cerco de Elvas. Mas após a tomada de Évora por D. João de Áustria, bastardo de Felipe IV, o Marquês é novamente chamado a combater no Alentejo ao comando de um numeroso exército de voluntários. Consegue recuperar a cidade de Évora com o Conde de Vila Flor e entra pela Extremadura espanhola, conquistando Valência de Alcântara.

Mas o apogeu dos feitos do bravo militar estava ainda para vir. Em Junho de 1665, quando se dirigia para Vila Viçosa, então sitiada pelos espanhóis, tinha à sua espera 15000 infantes e 7600 cavaleiros comandados pelo general Caracena. A grande batalha, uma das maiores da nossa história, deu-se no dia 17, perto de Borba, num lugar chamado Montes Claros. O Marquês de Marialva e o Conde de Schomberg infligem uma pesada derrota ao inimigo que, com o moral destroçado, se vê forçado a solicitar a paz definitiva.

Dom António Luís de Meneses viria ainda a ser um dos principais negociadores do tratado entre Portugal e Espanha, assinado a 13 de Fevereiro de 1668, que pôs termo aos 28 anos da guerra da restauração.

O Libertador da Pátria, como era então chamado, morreu a 16 de Agosto de 1675, com quase 80 anos de idade. Por seu pedido, o corpo foi sepultado em Cantanhede mas o coração ficou no convento de S. Pedro de Alcântara, em Lisboa, que o próprio Marquês mandara edificar em acção de graças à vitória de Montes Claros. Uns anos mais tarde, el-rei D. Pedro II mandou colocar o nobre coração junto do túmulo de D. João IV, em S. Vicente de Fora.

publicado por João Ferreira do Amaral em 31 da Armada

Sem comentários:

Enviar um comentário