terça-feira, 6 de dezembro de 2011

EXTINGUIR PORTUGAL: SIM OU NÃO?

Extinguir 1.º de Dezembro é “murro ao patriotismo”, extinguir o 5 de Outubro é “eliminar da História a data da Fundação de Portugal”

Um País cada vez “mais ou menos”

A ausência de razões fundamentais para justificar a eliminação de datas históricas a par com a percepção publica de um estado de protectorado económico com o governo a impor medidas de austeridade “sugeridas” por comissão de interesses estrangeiros tem feito o seu caminho para evidenciar a modernidade das razões que levaram os portugueses do sec XVII a revoltarem-se  contra o Poder instituído.


A voz do descontentamento público tem sido contida pela ausência de propostas executivas palpáveis, mas a longa duração do estado de crise económica que degenerou em crise ética pode cair no precipício da ilegitimidade democrática das instituições do Estado, com a presidência da Republica à cabeça.

“Será que o Povo se identifica com os seus formais representantes?” D. Duarte de Bragança, 2011

A mais recente manifestação de desagrado no passado dia 24 veio apenas juntar mais um tijolo na parede de discórdia absoluta entre as aspirações dos portugueses e as capacidades do governantes eleitos.No dia 1 de Dezembro a Câmara de Lisboa representada pelo vereador Manuel Brito (PS), viu o discurso abafado pelos gritos de algumas dezenas de jovens. Os jovens pertenciam ao Movimento de Oposição Nacional e gritavam “Políticos para a prisão”.

A cerimónia decorreu sem mais incidentes.Via-se entre a audiência uma faixa dos Amigos de Olivença (“Olivença é terra portuguesa”) e algumas bandeiras brancas e azuis da monarquia.

“É um golpe na identidade e auto-estima do país extinguir um feriado que é matriz de todos os outros”, disse à imprensa José Alarcão Troni, assegurando que a Sociedade Histórica da Independência irá continuar a celebrar a Restauração “a 1 de Dezembro, como há 150 anos as comemora, seja feriado ou não”.

“Quem decidiu [extinguir o feriado] não conhece a história de Portugal”, disse ainda Troni. “O 1.º de Dezembro e o 10 de Junho são feriados identitários que unem a nação portuguesa.”


Cada um festeja o seu 5 de Outubro. Para os republicanos é o de 1910 que conta; os partidários da Causa Monárquica recuam a 5 de Outubro de 1143, dia da assinatura do Tratado de Zamora, uma data “fundadora para Portugal”, lembrou Duarte Pio.

“Portugal é talvez o único País que não comemora a sua data de Fundação oficialmente, os monárquicos corrigem esse erro como portugueses conscientes que são” comentava um transeunte de bandeira em punho no recente 5 de Outubro comemorado em Coimbra.Ao mesmo tempo as entidades oficiais comemoravam o “seu” 5 de Outubro da República apontando a importância da data para a reflexão do presente.

Mais do que as razões temporais de sobrevivência de uma Nação é a consciência histórica colectiva que define as permissas do que um povo aspira para o futuro.Neste contexto a recente crise de governação conseguiu o feito histórico de pôr na mesma trincheira monárquicos e republicanos

A 1 de Dezembro de 1640 começou em Lisboa uma revolta, instigada pelo grupo dos “40 conjurados”, que resultou na rejeição da dinastia filipina e na restauração da independência de Portugal.

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