Catulo Gadda tinha sido um bom jogador num dos principais clubes de Itália – e quando deu o primeiro pontapé deixou toda a gente boquiaberta: «a bola atravessara o campo no seu máximo comprimento». Logo ali assinou proposta, ficou a fazer parte do Grupo do Destino. Monteiro da Costa achou que o Grupo do Destino era pequeno para o sonho que desatara, que era hora de clube que « não se confundisse apenas com um grupo de rapazes bem dispostos, na fronteira da folia ou da libertinagem» – e decidiu: «O nosso futuro clube deve chamar-se Foot Ball Club do Porto, por os seus fundadores serem na sua quase totalidade tripeiros natos, a sua sede na cidade do Porto e o principal desporto a que se vai dedicar – o futebol.» Porém, como outros desportos, conforme o seu projecto, seriam praticados, tratou de acrescentar à denominação duas mais abrangentes palavras: Sociedade Desportiva. Que sim, disseram, sem pestanejar, todos os outros. Estranho foi que sendo Monteiro da Costa, republicano nunca disfarçado, anunciasse que as cores do clube seriam as da «bandeira da Pátria» – azul e branco, como nos dias de António Nicolau de Almeida. Houve quem replicasse – e sugerisse as da cidade. Sugestivo, Monteiro da Costa ripostou – que não, que seriam as bandeira porque «tinha esperança de que o futuro clube havia de ser grande, não se limitando a defender o bom-nome da cidade, mas também o de Portugal em pugnas desportivas contra estrangeiros». E assim aprovado, entre aplausos ruidosos, todo o «grandioso projecto» de José Monteiro da Costa. E com os fundos recolhidos pelo Grupo do Destino para a participação com um carro alegórico no cortejo de Carnaval do Clube dos Fenianos financiaram-se as despesas de lançamento do FC Porto, Sociedade Desportiva – e sobretudo com isso se fez no Campo da Rainha o primeiro relvado que houve no futebol português. E ao FC Porto coube igualmente o primeiro desafio contra equipa estrangeira: o Real Fortuna de Vigo – o que se perdeu na usura do tempo foi o resultado desse primeiro jogo…
Fonte : A Bola
Publicado pelo Portista Rui Monteiro no blogue "Causa Monárquica"
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