Na sequência do golpe de estado de D. Miguel de Março de 1828, que restaurava a monarquia absoluta, as forças liberais responderam com a revolução de 16 de Maio desse mesmo ano, iniciada em Aveiro e no Porto e com ramificações noutras cidades e vilas do país. O governo miguelista reagiu violentamente a esta revolta, perseguindo e prendendo muitos dos liberais que não conseguiram fugir ou exilar-se.
Entre as centenas de vítimas do absolutismo miguelista contam-se os quatro cidadãos residentes no distrito de Aveiro, condenados à morte em 9 de Abril de 1829 e enforcados e decapitados na Praça Nova do Porto, no dia 7 do mês seguinte.
Por ordem da Alçada do Porto, as cabeças foram depois pregadas em postes e expostas em diferentes pontos de Aveiro (3) e Vila da Feira (a de Clemente de Melo).
Foram eles:
Francisco Manuel Gravito da Veiga Lima, nasceu em 1776 em Lisboa, filho do desembargador Francisco António Gravito, que fixou residência em Aveiro no ano de 1780, por ter sido nomeado superintendente das obras da barra. Francisco Manuel Gravito foi fidalgo da casa real, cavaleiro professo da ordem de Cristo, desembargador dos agravos da Casa da Suplicação, corregedor do cível da corte, deputado e conselheiro de Estado por nomeação de D. Pedro IV, datada de 1827. Foi na sua casa, na rua de Jesus, que tiveram lugar algumas das reuniões preparatórias da revolução.
Manuel Luís Nogueira, nasceu em 14 de Março de 1774 na freguesia de Baltar. Era bacharel em Direito e exercia a profissão de advogado no Porto, quando o governo liberal revolucionário (Junta do Porto) o nomeou juiz de fora em Aveiro, lugar de que tomou posse em 4 de Junho de 1828.
Clemente de Melo Soares de Freitas, nasceu em Angeja em 1802, mas residia desde muito novo em Aveiro, com toda a sua família. Depois da revolução tomou posse como juiz de fora na Vila da Feira, por nomeação da Junta do Porto que confirmava uma outra do governo da infanta D. Isabel Maria. Em Vila da Feira teve um papel fundamental em prol da revolução e das orientações emanadas da Junta do Porto.
Francisco Silvério de Carvalho Magalhães Serrão, nasceu em 1774 em Figueiró dos Vinhos. Residia em Aveiro onde desempenhava as funções de fiscal real do contrato do tabaco. Foi um dos principais dirigentes da revolução, tendo sido preso quando se deslocava de barco na Ria de Aveiro, levando consigo muitos documentos que o incriminavam e vinte e cinco armas carregadas, que pertenciam ao batalhão de voluntários que comandava.
A toponímia urbana de Aveiro recorda estes defensores da liberdade em outros tantos arruamentos:
Rua do Gravito (antiga Rua de São Paulo), na freguesia da Vera Cruz, começa na Rua de Manuel Firmino e termina na Rua do Carmo;
Rua de Manuel Luís Nogueira (antiga Rua do Norte), na freguesia da Vera Cruz, começa na Rua de São Bartolomeu e termina no Cais de São Roque;
Rua de Clemente Melo Soares de Freitas, na freguesia da Glória, começa no Cais dos Moliceiros e termina na Rua da Liberdade;
Rua de Magalhães Serrão, freguesia da Glória, começa na Rua dos Santos Mártires e termina na Rua da Arrochela.
bibliografia:
GOMES, Marques — Aveiro berço da Liberdade: A revolução de 16 de Maio de 1828. Aveiro: [Câmara Municipal], 1928. 88 p.
Publicado por Rui Paiva Monteiro em "Causa Monárquica"
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