(Texto de reflexão para o III Encontro da Acção Monárquica, em Lisboa a 27MAR2010)
O casamento de D. Duarte de Bragança e o nascimento dos Infantes, originou um ressurgimento afectivo e também político, da ideia monárquica em Portugal.
Foram momentos marcantes de renascimento da afectividade natural de muitos milhares de portugueses, para com a Família Real e desse facto decorreu também uma mensagem de esperança, que entusiasmou muitos monárquicos e cativou muitos portugueses.
Momento seguinte, também muito marcante foi a forma como foi celebrado o centenário do Regicídio.
Foi um momento de reabilitação da extraordinária personalidade do Rei D. Carlos I e também de divulgação da verdade histórica, que a propaganda republicana sempre tinha escondido e negado aos portugueses.
Mas a realidade é que estes dois momentos altos da expressão monárquica, não tiveram sequência. Encontra-se nesta ausência de dinâmica monárquica, após estes momentos marcantes, a principal razão de uma desmotivação generalizada entre os monárquicos portugueses. Desmotivação que originou um sentimento que se expandiu a toda a sociedade, de que monarquia é um regime do passado e de resignação ao regime republicano.
Esta situação, desmotivou protagonistas, debilitou instituições monárquicas.
A actual situação de crise política, económica e social, é o resultado de um regime republicano que se estrangulou a si próprio numa Oligarquia partidária e não tem capacidade de mobilizar a vontade dos portugueses.
A consciencialização progressiva da responsabilidade do regime perante esta crise grave, faz ressurgir de novo o ideal monárquico e pode fazer ressuscitar o entusiasmo monárquico, que se acreditarem com convicção, terão perante o descontentamento generalizado, condições de mobilizar os portugueses através de uma mensagem de esperança.
Esta possibilidade, que tem de ser assumida como um dever patriótico por todos os monárquicos convictos, não é hoje apenas a reabilitação da nossa história, nem apenas da dignidade da Casa Real Portuguesa.
É isso, mas para ser mobilizadora e entusiasmante, tem de se afirmar como projecto político alternativo, coerente e consistente.
Ou seja, não basta estimular na sociedade portuguesa a afectividade pela Casa Real, não basta recuperar o sentido da nossa herança histórica, é também essencial que o projecto monárquico dê uma resposta política actual e moderna, aos problemas sociais, políticos e de que representa a verdadeira mensagem esperança de Portugal se reencontrar e de encontrar o seu futuro.
A afirmação monárquica actual, não pode ser apenas a divulgação do simbolismo Real, uma referência afectiva essencial, mas manifestamente insuficiente.
A na ausência desta afirmação política, que deveremos encontrar a razão, para a inconsequência do dinamismo monárquico e para carência de convicção.
Nos portugueses está enraizada uma ideia falaciosa de que a eleição de um Presidente da República é uma garantia de democraticidade.
É evidente que não o é. Muito pelo contrário.
O argumento monárquico, do Rei livre, independente e imparcial, a única forma de garantia de associação da referência da história de um povo soberano e unificado, tem exemplos modernos auxiliares de demonstração, como a mais objectiva forma de garantia das liberdades e da democracia política.
Mas este argumento, tão importante, tão actual, tão necessário a Portugal, não tem condições de divulgação na sociedade portuguesa.
Poderemos continuar no debate monárquico, a tentar encontrar responsabilidades para esta limitação, na propaganda do regime, ou a encontrar responsáveis em atitudes de alguns monárquicos, mas isso não leva a nada.
Teremos de finalmente perceber, que não basta para os portugueses a mensagem discursiva genérica das vantagens da monarquia.
Um Presidente da República só é eleito, depois de se afirmar ao povo português através da sua mensagem política e social e do seu próprio carácter e experiência, que origine a confiança de uma parte significativa dos portugueses.
Esta verdade não pode ser negada pelos monárquicos.
O contraponto monárquico, é a afirmação de que o Rei, é melhor, é mais interessado, é mais empenhado, tem melhor preparação, estará muito mais responsabilizado.
Será desta afirmação do Herdeiro, numa atitude de intervenção permanente e consistente, que resultará a confiança popular indispensável.
O Rei moderno, não abdica da sua condição simbólica, nem do seu protagonismo político, mas é auxiliado na sua função por uma organização também ela credível, consubstanciando a indispensável noção de Instituição Real.
A credibilidade e viabilidade do projecto monárquico português, dependerá assim da capacidade de afirmação múltipla, de forma a alcançar a indispensável confiança do povo português.
Afirmação do Herdeiro e do seu discurso político.
Afirmação da Casa Real, como garantia essencial da responsabilidade histórica, que simboliza, e como garantia da responsabilização de todos os actos e decisões políticas, do seu Chefe.
Afirmação da Instituição Real, como garante das funções da Casa Real e do futuro Rei, Chefe de Estado.
Teremos de reconhecer, que há toda uma incipiente afirmação monárquica, e que é nesta verdade, que teremos de encontra a resposta capaz de mobilizar a vontade dos portugueses.
Os monárquicos estão dispersos, não estão eles próprios unificados, numa liderança essencial e motivadora.
A Acção Monárquica, tenta congregar uma massa crítica monárquica, capaz de ultrapassar a cultura do silêncio e promover o debate motivador que origine a consistência organizativa dos monárquicos e a dinâmica que tem hoje o sentido de oportunidade histórica e de obrigação patriótica.
Portugal precisa da afirmação do projecto monárquico, do protagonismo político e cívico dos monárquicos, da Liderança Monárquica unificadora e dinamizadora.
A Casa Real Portuguesa tem uma responsabilidade histórica a desempenhar.
Para colaborar na afirmação dessa responsabilidade, estão surgir cada vez mais expressões de vontade.
Estas vontades não podem ser desprezadas. Têm de ser acarinhadas e entusiasmadas.
Podem co-existir várias estratégias políticas para a acção monárquica, para a expressão do dinamismo monárquico, até para a viabilização da reimplantação da Monarquia.
Mas não é possível o seu sucesso, se não existir uma liderança unificadora, que assuma o discurso síntese do protagonismo monárquico.
Todas essas formas de participação política e cívica, têm de estar referenciadas e motivadas, num projecto, num discurso e numa atitude estimulante do Chefe da Casa Real Portuguesa.
O encontro desta liderança unificadora e estimulante, deste discurso síntese e que simultaneamente, seja de esperança para os portugueses, é assim a prioridade da nova atitude monárquica, como uma resposta objectiva e alternativa a uma Republica, que se mantém e se preserva, através do silêncio e da inacção monárquica.
José J. Lima Monteiro Andrade
Por Portugal.
Pela Casa Real Portuguesa.
A Comissão Coordenadora da Acção Monárquica
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