Passaram mais de quinhentos anos desde aquele dia. Aquele Verão de 1578 havia mudado os destinos deste Reino para sempre. Sabido era que o Rei, Dom Sebastião e toda a elite aristocrata haviam padecido em Alcácer-Quibir. Com o trono vazio, o medo crescia nas ruas de Lisboa, para acalmar o povo dissera-se “Ele há-de voltar… numa manhã de nevoeiro, como a que o viu partir”.
O mito nascera e, na boca do povo cresceu, fez-se crença popular e sempre que a esperança emagrece a lenda reaparece. Diz-se mesmo que foi o espírito Sebastianista que fez com que o povo quisesse o retorno do Rei e da independência em 1640. Disse-o D. Miguel de Almeida, na manhã de 1 de Dezembro, em que diante do Terreiro do Paço e daquela multidão proclamou com as lágrimas a escorrerem-se-lhe pela barba grisalha – “Olhai Portugueses! O Príncipe e Rei que meu pai viu partir… voltou, e hoje venho no meu brado gritar… Liberdade! Liberdade! Viva Dom João IV! O 8º Duque de Bragança, é o nosso legítimo Rei!”- foram estas as palavras deram força e mantiveram viva a esperança durante aqueles vinte e oito anos da Guerra da Restauração.
Não foi caso único na nossa história; em momentos de crise e desespero, a espera de Dom Sebastião veio trazer a esperança e o consolo que muitas vezes nem a Fé confortara.
Muitos escreveram sobre isto, foi no dealbar da Primeira República, vista por muitos na altura como uma catástrofe Nacional, que levou homens como António Sardinha, Francisco Rolão Preto e Homem-Christo a fundar uma nova esperança - o Integralismo Lusitano – do qual foi membro o escritor e poeta Fernando Pessoa, que na sua obra tanto traduziu este mito.
Será um tormento do passado? Um agoiro do futuro? – Ou será apenas o facto de Portugal não ser capaz, nunca mais, de construir um futuro, tão belo, luminoso e glorioso quanto o seu passado, passado, “que não volta mais”- João Ferreira-Rosa.
Não podemos refugiarmo-nos no passado e esquecermo-nos do futuro.
Por: António Baião Pinto
(Fonte: Blogue Monárquicos Nortenhos)
Muito obrigado pela divulgação.
ResponderEliminarViva o Rei!