sexta-feira, 2 de setembro de 2011

MONARQUIA PARA O SÉCULO XXI




Um espectro paira sobre metade do mundo monárquico português. Esse
espectro chama-se miguelismo. Um espectro paira sobre a outra metade do
mundo monárquico português. Esse espectro chama-se liberalismo
monárquico. A partir de hoje um outro espectro pairará sobre todo o
mundo monárquico. Esse espectro chama-se “tenham mas é juízo e deixem-se
de palhaçadas”.






Estamos no século XXI. Os monárquicos só devem ter um inimigo, os
republicanos da república vinda do século XX até ao nosso século. Se o
nosso objectivo é ter monarquia ainda neste século, então não podemos
sectarizar-nos por rivalidades do século XIX que só importaram realmente
durante 10, 20 anos do século XIX no máximo.






A razão mais óbvia, ninguém hoje defenderia um retorno nem ao
absolutismo miguelista nem ao absolutismo pré-miguelista, e o
liberalismo seria q.b., nem o “jacobinismo” monárquico de certos
setembristas nem o reformismo e europeízação forçada de algum
regeneradorismo. O miguelismo teve as suas qualidades filosóficas, mas
seria incapaz de ter progredido o país política e socialmente como o
liberalismo fez. Como diz José Adelino Maltez, hoje o monárquico só pode
ser “miguelista liberal”.






Além da síntese ser vital para o sucesso da reimplantação do
monarquismo, já foi feita, factual e ideologicamente. Factualmente,
porque, embora não hajam manuelistas pois D. Manuel II não teve filhos, a
questão entre ramo miguelista e o petrista (que a não ser que
acreditemos nas fraudes supostamente descendentes de D. Carlos) foi
enterrada porque independentemente de “legalidades”, se o ramo
miguelista era o legal, o pai de D. Duarte era miguelino, a sua mãe dos
petrinos brasileiros. Não importa sequer pegar num petrista “legal”,
porque D. Duarte já vem do ramo brasileiro em parte, para quê buscar um
real brasileiro se temos D. Duarte? O Duque de Bragança é o
representante da linha de sucessão, e pelas suas qualidades já mereceu
ser o Rei.






Ideologicamente, porque antes sequer da falta de visão de alguns
te-los levado a querer importar estes cismas passadistas, nos anos de
1840, a “esquerda” setembrista e a “extrema-direita” miguelista se
haviam unido contra o ex-setembrista e então regenerador autoritário
Costa Cabral, primeiro na Maria da fonte, depois na Patuleia. Como disse
o líder da oposição a Costa Cabral, Luís da Silva Mouzinho de
Albuquerque, «O centro é excêntrico», e é isso que o movimento pela
monarquia deve ser, o centro onde se reunam todos os monárquicos, porque
a monarquia é um regime, não um sistema de governo, não é o miguelismo,
o liberalismo, o integralismo ou outra coisa qualquer que o monarquismo
deve trazer, mas a mudança de regime e com ele a transição necessária
para renovar o resto do sistema, mas não por escolha do movimento
monárquico que derrubar a república, mas do povo, dos políticos e do que
a verdade nos disser. Se assim é, então como Maltez diz «a cisão
esquerda-direita só interessa aos partidos de extremos.» Façamos a
monarquia de todos, por todos e para todos, e será a democracia que
escolherá que sistema ela tomará.






Vítor André Ferreira Monteiro


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