Foi com surpresa que li a notícia da remoção de Camilo Castelo Branco dos programas do ensino secundário. Bem, na verdade a noticia em si não foi assim tão surpreendente: são tantos os grandes autores de Língua Portuguesa que algum terá de ficar, necessariamente, para trás. Por um lado é triste mas, por outro lado, também é motivo de orgulho para todos os falantes da Língua de Camões ter tantos e tão bons escritores.
O que surpreendeu foi pensar que muito provavelmente será mantido o estudo de uma obra que não obedece às regras de Língua Portuguesa que qualquer um aprende, desde cedo, na escola.
Ao contrário do que muitos afirmam aquilo não é exemplo de inovação na Língua Portuguesa, que é herança/património de todos os seus falantes. Por conseguinte estes têm o direito e a obrigação de se indignar quando sentem que a sua herança/património está a ser maltratado.
Se algum estudante ousasse sequer escrever num teste ou trabalho como aquela obra foi escrita veria, por certo, um grande traço vermelho sobre o seu texto. Seria considerado incorrecto por desobedecer às regras básicas da Língua e o argumento de ser uma ‘escrita inovadora’ de nada valeria.
Depois de 12 anos a estudar um conjunto de regras da Língua tem-se de estudar a obra que, intencionalmente, não as cumpre? As regras existem para alguma coisa! Que seria de nós se cada um decidisse escrever não respeitando as regras pré-definidas?
É isto o ensino da Língua Portuguesa em Portugal? Que se pode esperar de um ensino assim? Que frutos dará? Certamente uns muito amargos.
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