domingo, 24 de julho de 2011

PORTVGAL

Numa altura em que o prestígio e a própria independência de Portugal estão constantemente a ser postos em causa, parece altamente positivo que todos (nacionais e estrangeiros) meditem na mensagem do documento que se segue.
A monarquia portuguesa nasceu em um campo de batalha. Suas dilatadas costas, abertas às agressões marítimas, e a sua extensa raia, sem barreiras naturais, facilitava a entrada aos invasores. O Reino, sempre embalado no conflito das armas, robusteceu-se lutando desde o primeiro dia contra a conquista sarracena, que lhe disputava a posse do território, e contra as lanças leonesas, que não lhe queriam perdoar o arrojo da emancipação. Fadado a ser a primeira nação navegadora do século XV, familiarizou-se muito cedo com os terrores do oceano e, combatido desde o berço, aprendeu na severa escola das provações a só contar consigo, fiando unicamente a defesa do próprio valor.
Estreita orla de terra ocidental, cingida de um lado pelo braço colossal de Espanha, e do outro banhada pelas ondas do Oceano Atlântico, Portugal soube sempre mostrar-se grande nos espíritos e no amor da liberdade. Em todas as ocasiões extremas, o peito dos seus habitantes foi a muralha onde vieram quebrar-se os esforços contrários. Em mais de uma crise perigosa, superando o número e a fortuna, lograram eles recordar aos mais soberbos que a temeridade heróica dos indómitos montanheses do Hermínio revivia no coração dos descendentes.
Proezas admiradas, sacrifícios maiores do que as forças e o ódio da sujeição estranha, realçado pelo desprezo da morte, forçaram a vitória a sancionar a sua resistência. Resolução audaz, unida a uma rara paciência nos reveses e ao mais ardente afecto patriótico, inflamando e retemperando o carácter nacional, obraram o prodígio de conservar intacta e respeitada a independência, tantas vezes arriscada e sempre triunfante.
in
Rebelo da Silva (séc. XIX)
História de Portugal nos Séculos XVII e XVIII

Sem comentários:

Enviar um comentário