segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

UM HERÓI NO SÉCULO XX: MANUEL ANTÓNIO VILELA (AVÔ DO NOSSO ASSOCIADO RUI MONTEIRO)

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Como em todas as lutas por ideais sempre houve pessoas anónimas e ilustres, sempre houve grandes feitos e pequenos feitos. Manuel António Vilela nasceu na cidade do Porto no ano de 1900 em plena Monarquia, quando caiu o regime era uma criança com 10 anos com plena consciência do que a rodeava. Profundamente convicto dos ideais da Liberdade e da Democracia lutou sempre por eles contra ventos e marés sendo um pró-americano convicto dos 7 costados; os primeiros registos que conheço são da Segunda Grande Guerra, onde prestou serviços de informação aos Office of Strategic Services ( http://en.wikipedia.org/wiki/Office_of_Strategic_Services )organização criada em 1942 pelo presidente dos Estados Unidos da América  Franklin D. Roosevelt, o meu pai lembrava-se da carta que Manuel António Vilela guardava na gaveta da sua secretária com um louvor por escrito e assinado pelo presidente dos EUA a agradecer os serviços prestados.

Nessa altura Portugal e Lisboa eram os principais centros de espionagem da Europa por onde passavam espiões de todos os países de ambos os lados do conflito armado, ser pró americano era ser anti-salazarista porque Salazar era pró Hitler. O fervor pelos ideais políticos de Manuel Vilela manifestava-se com simples actos de terrorismo ideológico como hastear a bandeira Americana no seu jardim na casa da Foz no Porto. Era um simpatizante do Partido Democrata de John F. Kennedy, era também um Iberista convicto, achava que a capital do país não devia ser Lisboa mas sim Coimbra porque ficava a meia distância de todos os portugueses.  Quem sou eu para julgar …

Era uma pessoa extremamente preocupada com o sofrimento dos seres vivos, reflexo disso era incapaz de ver um seu animal de estimação a sofrer … quando viu o seu Lobo de Alsácia a sofrer levou-o ao veterinário, ao ver que não tinha salvação pediu para fazer eutanásia porque não suportava ver o sofrimento. Não foi o seu único animal com o qual ficava preocupado com o sofrimento …

Era também um homem com muita coragem, alguém era capaz de em plena década de 50 ir a Espanha com a mulher ver uma tourada e no momento da estocada gritar “ASSASSINOS !!! ?, foi preso pela Guarda Civil mas foi coerente com os seus valores pelos direitos dos animais. Era um homem com as suas influências e contactos no Porto ou não fosse ele um dos que estava ao lado de Humberto Delgado nas eleições de 1958, ao lado do homem que demitia Salazar se fosse presidente da republica. Era um homem que não queria que o seu filho andasse na Mocidade Portuguesa, um dia viu a formatura da Mocidade onde estava o seu filho Joaquim … dirigiu-se ao responsável espetou-lhe um murro e disse que não queria seu filho misturado com aquela corja. Por estas e por outras foi duas vezes preso  pela PIDE.

Teve defeitos como todos os homens, não quis que o seu filho Joaquim fosse para a Guerra do Ultramar porque queria que ele tomasse conta do negócio de família … mas quem sou eu para o julgar ? somos humanos …

Manuel António Vilela faleceu em 1974 depois de anos antes ter um AVC e ficado de cadeira de rodas imobilizado, penso que nem festejou a Liberdade pela qual tanto lutou.

Para mim Manuel Vilela foi uma pessoa distante que nunca conheci até 1989, tinha eu 14 anos. Grande ano onde vi a queda do Muro de Berlim, vi o Massacre de milhares na luta pela Democracia  da Praça de Tianamen. Vi ! Ao mesmo tempo tive a minha iniciação monárquica. Num fim de semana quando fui visitar a minha avó com os meus pais ao Porto fiquei à espera com o meu pai no escritório do meu avô que a minha avó Anita tinha deixado intacto.

Vi uma fotografia num local de destaque na porta na entrada do escritório, era a fotografia de um homem jovem com traje militar … fotografia autografada pelo próprio.  Eu como adolescente curioso perguntei ao meu pai, ele disse-me que era a fotografia de El-Rei D.Manuel II.

A partir daí conheci o verdadeiro Manuel António Vilela o meu avô homem que apesar de tudo era a referência ideológica e moral do meu pai, muita da Liberdade e Democracia que hoje vivemos devemos a pessoas como o meu avô que era Monárquico como Artistides de Sousa Mendes seu contemporâneo. A partir daí recebi o “Código de Honra da Família” que foi transmitido por gerações aos quais nenhum Vilela/Monteiro deveria alguma vez quebrar :

- Honra
- Palavra
- Honestidade
- Frontalidade
- Humildade
- Caridade

Fui educado ideologicamente com estes princípios, cresci a trocar ideias com pessoas mais velhas do que eu, cresci a testemunhar debates ideológicos e naturalmente a influência do meu pai foi decisiva para limpar da cabeças as dúvidas que um adolescente naquela altura poderia ter. Como dizia o meu pai existe um  partido português fiel à tradição do Avô Vilela e representante dos ideais do Partido Democrata Americano, penso que isso é inegável e como tal filiei-me nele segui a tradição de família de mais de 100 anos pela luta da Liberdade e Democracia.

Sinceramente gostava de conhecer algo mais sobre Manuel Vilela, de certeza que o seu dossier da PIDE de 1933 a 1974 deve ser bem grande para consultar …. Serei fiel aos seus princípios SEMPRE, Monárquico, Democrata. Este exemplo mantém acesa a chama que por muitas vezes me questiona no vazio ideológico que muitas vezes encontro.

Exemplos como este de família e tantos outros só tenho uma coisa  a dizer …

Obrigado por terem existido.

Ainda vale a pena lutar por algo …

Rui Monteiro 

Fonte: Blogue "Causa Monárquica"

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