segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

HENRIQUE DE PAIVA COUCEIRO: DOCUMENTO DA PROCLAMAÇÃO DA MONARQUIA DO NORTE

SOLDADOS!
Pelo seu valor e qualidades havía a tropa portugueza alcançado nome honroso e digno, affirmando-se, — hoje como hontem, — d' Angola a Moçambique, da Guiné ao Oriente, — herdeira legitima dos descubridores e dos conquistadores do mundo, que foram nossos avós!
E no serviço de cada dia, e n’essas arduas emprezas, atravez de mares longinquos e terras adversas, tinha a bandeira azul e branca sido o guia dos nossos passos, — o alento do nosso corpo, — o impeto das cargas a ferro duro, com que vinhamos accrescentando aos factos anteriores da nossa historia de bravuras, o brilho de novos louros!
Com os olhos fitos n’essa insignia consagrada, jogámos muitos de nós a vida e a saude; sofremos sem queixumes perigos, privações e cansaços; e, dentro dos seus braços amigos, grande numero dos nossos valorosos camaradas temos nós visto baixar á terra, varados por amor ás suas côres.
Para nós, Exercito, era Ella, portanto, não sómente o symbolo venerando da Patria, mas, ainda, a nossa fiel e inseparavel companheira de muitos annos d’esforços, sacrificios e trabalhos, mas, tambem, a nossa folha pessoal do livro de glorias, onde nós proprios, com a nossa alma e o nosso sangue, inscrevemos Marracuéne, e Mufllo, — Dembos e Magul, — Namarraes, Coelela, — e tantas outras aureas legendas da luminosa biographia nacional!Comtudo essa antiga bandeira, que era, ha nove mezes, a de um Exercito com tradições e união, disciplina e conceito por toda a parte do mundo, —prostraramn’a no solo, como se fôra velho trapo sem valia!
E no sólo jaz ainda; e, cahidas sob as suas dobras, tradições e união, disciplina e conceito geral, que eram o nosso timbre, a nossa força, e o nosso maior orgulho!
Levantemol-a, pois, soldados, a nossa velha bandeira, e eia avante! que Ella de cór já conhece o caminho da victoria!
Pela Patria Livre, soldados, eia avante!
Henrique de Paiva Couceiro
Retirado daqui 

Pequena curiosidade: o título duma entrevista de Henrique de Paiva Couceiro ao Diário de Lisboa em 27/11/1921.  

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