sábado, 9 de outubro de 2010

AINDA HÁ UMA SOLUÇÃO PARA PORTUGAL

Foi há cem anos que Portugal deixou de ser uma Monarquia passando a ser um estado Republicano. Esta data está a ser comemorada com muitas festas e inaugurações de Norte a Sul do país onde abundam palanques enfeitados para acolher notáveis da sociedade e política portuguesa que se apresentam pomposos a declamar discursos ornamentados com expressões vitoriosas como se de um grande dia se tratasse. Na verdade, este foi o maior passo no sentido inverso ao progresso que a nossa nação deu em toda a sua história e o dia que estamos a comemorar foi a porta que se abriu para dar entrada aos gravíssimos problemas que hoje afectam quase todos os sectores da sociedade portuguesa.


A Implantação da Republica que hoje se assinala, e incompreensivelmente se comemora, foi um acontecimento que na época em que surgiu estava longe de contar com a vontade da maioria dos Portugueses e a sua conquista dependeu de episódios da maior cobardia e crueldade que se pode imaginar. A ganância duma pequena parcela de oportunistas obcecados pelo poder deu origem ao sangrento Regicídio abrindo a porta para o actual regime.
Sem qualquer dó nem piedade, no dia Um de Fevereiro de Mil Novecentos e Oito foram assassinados no Terreiro do Paço o Rei Dom Carlos e o Príncipe Herdeiro Dom Luís Filipe, escapando a toda esta ira desmedida a Rainha Dona Amélia que se encontrava na mesma carruagem assistindo a toda aquela crueldade, sendo protagonista dum acto de valentia e coragem ao tentar derrubar os criminosos com um ramo e flores que trazia na mão.
Dom Manuel II foi outro membro da Família Real que não perdeu a vida neste dia. Aquele que veio a ser o último Rei de Portugal, antes da interrupção da Monarquia que ainda perdura, aguardava a chegada de seus Pais e Irmão perto do local onde decorreu toda esta tragédia, e ao ouvir o som dos disparos correu ainda a tempo de poder testemunhar a figura dum homem de barbas e capa preta e aspecto monstruoso com arma apontada à carruagem que transportava a sua Família. Foi esta a descrição do próprio Príncipe, referindo-se a Manuel da Buiça, um dos mercenários que não sobreviveu no ataque à Família Real. Neste dia Portugal começou a ser roubado aos Portugueses e ninguém deveria ter orgulho, mas sim vergonha de tão infeliz episódio da nossa história, e em vez de comemorar seria muito mais sensato meditar, mas isso não é possível por causa do propositado ruído que se ouve sair dos altifalantes. Passados pouco mais de dois anos e meio deste horrendo crime teve lugar a Revolução da República e a partir daqui o nosso país nunca mais parou de dar passos no sentido ao estado em que se encontra actualmente, em que mesmo aqueles que mais persistiram num discurso fantasiado se soluções também já deixaram de conseguir esconder que a situação é caótica. No entanto tudo isto passado um século é motivo para tantos portugueses fazerem uma grande festa. Ironia? Alguma, mas sobretudo muita, muita e outra vez muita mentira.
Se o Regicídio assinala a forma cobarde e cruel como foi roubada a vida aos dois Monarcas, a revolução da república representa também o assassinato da liberdade. Antes dessa data, apesar dos republicanos representarem um peso que embora ruidoso era quase insignificante em termos percentuais na população portuguesa, era-lhes concedido o direito de doutrinar as suas convicções, ao contrário da situação em que ficaram os defensores da Monarquia após a Implantação do novo regime. Aqueles que não se submetiam ao silêncio perante as desvantagens do poder que ilegitimamente e, podemos dizê-lo, criminosamente, acabara de ser instalado pela força das armas, da traição, da cobardia e do terror, passaram a ser perseguidos tendo grande parte que recorrer ao exílio como alternativa à prisão.

Portugal, que até então era considerado um País Modelo, que apesar de geograficamente fazer parte dos países que atravessavam a grave crise económica de finais do século XIX e início do século XX, apresentava argumentos para ultrapassar esta fase com êxito e gozava duma estabilidade que lhe permitia encarar o futuro com prosperidade. Após este trágico acontecimento passou a viver um período conturbado conhecendo nove Presidentes nos primeiros dezasseis anos da República sem contar aqueles que se chegaram a ser anunciados como tal sem nunca dar início ao exercício das funções. Foram várias as revoluções e tentativas de revolução na primeira década da república. A confusão era tal que houve um governo que foi anunciado e passadas três horas já estava derrubado. Os grandes cadeirões não chegavam para todos que ansiavam ocupá-los e assistia-se a esquemas maquiavélicos, com vários jogos obscuros na luta pelos apetecíveis lugares arquitectados por aqueles que estavam obcecados pelo poder dando origem ao período de maior instabilidade em toda a história de Portugal.
O assassinato do jovem presidente Sidónio Pais na Estação do Rossio durante o exercício das funções, demonstra a ausência de regras daqueles que vendo uma nesga de oportunidade não olhavam a meios para alcançar os objectivos. Este episódio em Dezembro de Mil Novecentos e Dezoito, com a Primeira Guerra Mundial recentemente terminada, demonstra que afinal o Regicídio não foi levado a efeito por um movimento ideológico, mas sim por homens sedentos de poder e das regalias que dele advém quando usado de forma egoísta e tirana como nos relata infinitamente a história do último século. Estavam assim ultrapassados os valores que nos identificaram durante oito séculos como a Lealdade, a Verdade, a Justiça, a União, a Solidariedade e o Patriotismo.
Quanto ao Patriotismo, não podemos deixar de reconhecer que se trata de uma palavra vã nos tempos que correm, espreitando raramente e de forma muito tímida. Com a excepção dum grande êxito desportivo, mesmo que conquistado graças ao mérito importado de filhos de outra nação, não há registo nos últimos cem anos de qualquer grande manifestação de orgulho nas cores garridas que compõem a bandeira da república portuguesa. Todos esses valores que nos caracterizaram durante oito séculos desvaneceram-se dando lugar à corrupção, ao compadrio, à injustiça e muito mais grave à falta de respeito pela vida humana. Perante tudo isto, a população portuguesa vivia aterrorizada.
Importa referir que a primeira medida com impacto internacional do poder Republicano aconteceu durante a Primeira Guerra Mundial, com os nossos soldados a serem obrigados a marchar na frente dos canhões alemães, sendo o seu sangue usado como moeda na troca dum Mapa Cor de Rosa que acabou por nunca ser pintado. Perderam a vida nas trincheiras deste conflito perto de uma dezena de milhar de Portugueses, estando a grande parte sepultados no Cemitério La Lys, perto do rio Lys onde as nossas tropas foram praticamente abandonadas num conflito em que os governantes sabiam que não estavam preparadas nem equipadas em comparação com os soldados alemães que se apresentavam em número dez vezes superior e com armamento muito mais evoluído. O termo “carne para canhão” é frio mas faz todo sentido. Foi para isso que a República Portuguesa enviou milhares de portugueses para a Flandres francesa, perto da fronteira da Bélgica. Só na manhã do dia Nove de Abril de Mil novecentos e Dezoito perderam a vida mais de seiscentos militares portugueses que lutavam contra um país em que a maior parte deles nem sequer sabia apontar no mapa, muito menos o motivo daquela guerra. Tudo isto em nome de objectivos que acabaram por sair todos gorados.
As perseguições à Igreja Católica foi outro dos horrores cometidos pelo regime republicano. A Palavra de DEUS que os Navegantes Portugueses levaram aos quatro cantos do mundo era agora professada dentro das nossas fronteiras como se da prática de um crime se tratasse. A Cruz de Cristo, outrora gravada nas Velas das nossas embarcações que atravessaram oceanos passou a ser venerada num clima e medo e perseguição. Os Dias Santos passaram a ser dias de trabalho, muitas igrejas foram encerradas com alguns padres a ser objecto de violência vendo as suas casas espoliadas e a serem expulsos das suas paróquias. Alguns Bispos que recusavam aceitar os impedimentos de professar a Fé Católica tiveram que recorrer ao exílio.
Só em Mil Novecentos e Dezassete com as grandes manifestações da Virgem Maria na Cova de Iria testemunhadas por multidões, e após um longo período de negação por parte dos governantes da época apesar das evidências daquele fenómeno Divino com que Portugal tinha sido agraciado, é que as igrejas se puderam voltar a encher de gente para viver e praticar livremente a Fé.
Toda aquela confusão só terminou com a chegada do Estado Novo e o seu braço de ferro, duro mas mais que necessário naquela altura. Passados quase meio século também este regime sucumbiu dando origem a outro ainda mais injusto e de tal forma intolerável que veio a ser derrubado no ano seguinte com a Revolução de Vinte e Cinco de Novembro. Não deixa de ser curioso que se comemore o início e não o final deste período em que durante dezanove meses tantos portugueses foram vítimas de enormes injustiças. Depois desse Verão Quente de Mil Novecentos e Setenta e Cinco implantou-se finalmente um regime chamado democrático. Mas será que podemos considerar democrática uma constituição que nos obriga a ser uma república, mesmo que esta tenha sido alcançada pela forma que está aqui relatada sem que alguma vez tenha sido sufragada pelo povo? Não, obviamente que não.
Passados cinco anos Portugal voltava e estar perante o terror. A três dias das eleições presidenciais de Mil Novecentos e Oitenta, o Primeiro Ministro Francisco Sá Carneiro e o Ministro da Defesa Adelino Amaro da Costa agendaram uma ida à cidade do Porto para participar no comício de encerramento da campanha eleitoral do General Soares Carneiro, mas um ataque terrorista ao estilo de Hollywood faz explodir um avião que transportava além dos dois governantes mais cinco pessoas, perdendo todos a vida neste atentado que ainda tentaram fazer passar por um acidente, mas não foi possível apagar todas as provas de mão criminosa. Desta forma foi silenciado algo de comprometedor que podia colocar em causa muito mais que o resultado nas urnas. Passados trinta anos, apesar da confissão de José Esteves, aquele a quem foi encomendado o fabrico do engenho explosivo que vitimou toda a tripulação, as investigações para encontrar os autores morais deste acto terrorista depararam-se com todo tipo de impedimentos para avançar e o caso nunca foi a julgamento. Estávamos já na Terceira República.
Depois veio a CEE e a UE, os Tratados, a Moeda Única e fala-se em Regionalização e de seguida outra solução mágica há-de ser inventada para nos iludir, mas o que é certo é que são já cem anos e tudo que foi tentado falhou e não há razão nenhuma para acreditar que será desta vez que vamos voltar a encontrar o rumo do progresso. Anda assim Portugal, de revolução em revolução, de mudança em mudança, e continuamos uma nação adiada.
Mas não temos que nos resignar, pois somos Portugueses e é de Portugal que se trata. Interroguemo-nos das razões que impedem a abertura deste debate. Porque não se fala aos Portugueses sobre as diferenças. Porque não se explica aos Portugueses que nas vinte nações com melhor qualidade de vida no mundo inteiro, dezanove permanecem num regime Monárquico. Porque não se pede aos Portugueses a sua opinião sobre esta matéria de extrema importância para desenvolvimento de Portugal e qualidade de vida dos Portugueses. Porquê chamar Democracia a um poder que foi conquistado através do terror das armas, do sangue de inocentes e contra a vontade do povo português, daí a sua ilegitimidade. Este debate não se abre pelas razões óbvias, as mesmas de há cem anos, Um Grande Jogo de Interesses.

E entretanto Portugal vai caminhando com um Chefe de Estado onde o seu nome é escolhido em negociatas dentro de obscuros gabinetes e após muitos jogos de palavras e milhões de euros gastos em propagandas que pouco ou nada informam, contando com encerramentos de campanhas eleitorais em grandes palcos preenchidos com artistas famosos a dar espectáculos para atrair multidões, e que são interrompidos para algumas intervenções dos candidatos e os seus apoiantes mais próximos, em que a palavra de ordem é o ataque ao adversário e aqueles que o seguem, e de vários semelhantes um será eleito pela tantas vezes cega veia político-partidária dos eleitores que escolhem um símbolo sem olhar a quem está por trás dele. A falta de vergonha chega mesmo a atingir situações, em que um partido político encontre inúmeros defeitos num candidato quando ele se apresenta numas eleições como adversário e passados cinco anos surjam com infinitas trocas de elogios porque já são parceiros. Enquanto isso, a grande parte dos nossos pares Europeus vão dando passos com um Chefe de Estado preparado desde o berço para o exercício de tão exigentes funções, daí que os resultados sejam tão distantes em comparação com Portugal, com desvantagem para nós como infelizmente se verifica.
Outra grande vantagem dos países Europeus onde vigora a Monarquia é a diferença de custos que numa tentativa enganosa os adeptos da república tentam usar nas suas propagandas como factor de defesa deste regime. E nada melhor que a nossa vizinha Espanha, com hábitos e culturas idênticas à nossa para fazer esse balanço. É conhecido que temos neste momento três presidentes aposentados e um no activo. Além dos custos de todas as regalias que lhes são atribuídas através da constituição que eles próprios ajudaram a criar, teremos que contabilizar também as regalias daqueles que formaram as suas comitivas, como relações públicas, interpretes, assessores, seguranças e mais um número interminável de homens e mulheres de confiança de cada um e que nunca servem para aquele que o vem substituir. A isto teremos ainda que acrescentar os milhões gastos em campanhas eleitorais de cinco em cinco anos. Tudo contabilizado dá em termos absolutos um orçamento da república portuguesa que duplica o custo da Monarquia Espanhola. Se falarmos em termos relativos, cada cidadão português paga dez vezes mais por um regime que funciona mal do que cada nosso vizinho espanhol por um regime que em tempos também abandonaram, mas reconhecendo o erro foram hábeis a reconstrui-lo Bem, isto em comparação com a Monarquia Espanhola que é a segunda mais dispendiosa da Europa, apenas superada pela do Reino Unido. E isto não são palavras, são números.
Um ponto que ainda gera alguma confusão, tem a ver com o título Chefe de Estado. Não podemos deixar de ter em conta que não é aquele que ocupa este lugar que governa o país. Em todas as Monarquias Europeias existe um governo eleito pelos cidadãos, e esses sim, um conjunto de Ministros liderados por um Primeiro Ministro são, tal como numa República parlamentar, aqueles que formarão governo. O Chefe de Estado, seja Rei ou presidente, é o símbolo de unidade nacional, aquele que garante o cumprimento da constituição dando credibilidade ao funcionamento da legislação nas suas variadas vertentes, zelando ainda pelo equilíbrio e estabilidade. E é precisamente aqui que existe a maior diferença. Um presidente que dependeu duma vontade organizada onde se incluem partidos políticos para a conquista dum lugar a prazo, estará fragilizado durante o mandato apresentando inúmeras desvantagens comparativamente a um Rei que é símbolo de união e representante de todos portugueses por igual, e a partir do momento em que dá início ao exercício do cargo será até à morte, o que numa situação normal corresponde a décadas, daí a naturalidade e facilidade de desempenho de tão exigentes funções para as quais se foi preparando ao longo de toda a sua vida.
Contudo reparamos que hoje todas as nações europeias que não cometeram o mesmo erro são muito mais justas e desenvolvidas que Portugal, desvantagem essa que não se verificava durante os primeiros oito séculos da nossa história. Coincidência? Obviamente que não, a causa desta doentia desportugalidade é sem dúvida a República. E se está identificado o culpado, porquê tanta hesitação na reposição da linha do progresso e da recuperação da nossa identidade? Nunca como hoje fez tanto sentido pensar nisto. A nossa Bandeira, a Bandeira de Portugal ainda pode voltar a ser motivo de orgulho para todos nós. Portugal foi roubado aos Portugueses, e passado um século é mais que tempo de o recuperar. Não tenhamos dúvidas, o rumo do progresso passa pela Restauração da Monarquia.

Termino com um excerto da mensagem proferida pelo grande Rei que não reinou, Dom Duarte Nuno de Bragança, na Embaixada portuguesa em Berna no dia do nascimento de Dom Duarte Pio que por sua vez é pai do actual Príncipe da Beira, Dom Afonso de Santa Maria, o Futuro Rei de Portugal.
“De todos vós, sou o único a quem as circunstâncias não permitem viver nessa terra bendita que meus Avós tanto dilataram. Quero-lhe, porém, dobradamente e ao seu Povo, na saudade constante a que a separação me força. O vosso coração deve compreender isto. E compreender também que, quanto tenho sofrido no exílio, só me faz desejar que nenhum de vós o sofra.
Unamo-nos todos. Temos de favorecer a harmonia, a ordem de que a Nação precisa. Mas igualmente vos digo que não renuncio nem fujo a nenhuma das minhas responsabilidades históricas. E espero que a vossa consciência colectiva vos mostre, num profundo instinto acordado, que só na Monarquia reencontrará as garantias, direitos e liberdades derivadas dum Poder que, por ser legítimo e natural, não depende de divisões nem de egoísmos”.


Tília Maior
(Fonte: Blogue "Porto de Ave"

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