quinta-feira, 22 de abril de 2010

TAILÂNDIA: A VOZ DE RAMOS-HORTA


Nesta tarde de Sábado, muitos milhares voltaram a gritar Som Pracharan!, nas ruas de Bangkok

Ramos-Horta é um homem corajoso. Durante décadas porfiou numa luta em que a esmagadora maioria dos portugueses acreditou. Nunca desistiu e sofreu humilhações à porta de poderosos ministérios de Negócios Estrangeiros, secretarias de Estado e instituições de renome mundial. Passou privações sem que lhe escutássemos um único queixume, enquanto os grandes deste mundo ostensivamente ignoravam a opressão que os timorenses penavam. Em Portugal teve os mais fortes e indefectíveis aliados, precisamente entre os sempre minimizados monárquicos que acabaram por ter a razão da Nação do seu lado. O resto, o lastro do Esquema ainda imperante, aderiu à grande causa no último momento. Até o sr. Sampaio considerava Timor-Leste como "uma ilha indonésia", enquanto outros desdenhavam daquilo que consideravam ser mais "um caso perdido". Várias vezes vimos o actual presidente de Timor-Leste na solitária companhia do Duque de Bragança e uma dessas ocasiões, foi precisamente na comemoração do aniversário de S.M. Rama IX, organizada pela Embaixada da Tailândia em Portugal.

Ponderado e avesso a extremismos, fez hoje valer a sua voz de Prémio Nobel da Paz. A propósito da situação que hoje a Tailândia enfrenta, José Ramos-Horta disse sem hesitar, as palavras certas que dele poderíamos esperar:

"Devem terminar as perturbações das funções governamentais e a ilegal ocupação de edifícios públicos e privados, incluindo os centros comerciais e o bloqueio de estradas (...)os red-shirts jamais obterão qualquer crédito se persistirem no uso da violência para pressionar o governo (...) devendo agir de uma forma civilizada". O presidente de Timor-Leste manifestou a sua profunda crença na sociedade civil tailandesa, nos seus intelectuais e empresários, assim como na liderança de Sua Majestade o Rei Bhumibhol Adulyadej.

Quando da libertação de Timor-Leste, o novo país contou com a pronta colaboração do Exército Real Tailandês que para Timor enviou um contingente de estabilização e garantia da segurança.

Ramos-Horta sabe bem o que verdadeiramente está em causa e que respeita o reordenamento do equilíbrio de forças na Ásia. Resta-nos o consolo daquela voz que tão bem se exprime no nosso idioma e que resgatou a nossa honra após anos e anos de silêncio das autoridades portuguesas, perante a desastrosa "descolonização". Uma vez mais e para nosso orgulho, também fala por Portugal. Antes assim.

Hoje, o povo voltou a falar, sem receio de terroristas, bombas ou bastonadas

publicado por Nuno Castelo-Branco
(Fonte: Blogue "Estado Sentido")

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