domingo, 15 de agosto de 2010

O FIM DOS IMPÉRIOS

Falou-se muita coisa contra o já desaparecido Império Austro-Húngaro e foi considerado um anacronismo que merecia ser desmantelado. Esta herança de outros tempos acabou por não resistir à força dos seus inimigos externos e dos nacionalismos, desmembrou-se em 1918.

No entanto isto é mais uma prova de que a História do Homem não evolui sempre no sentido da melhoria das suas condições de vida das populações. Trata-se muitas vezes de um processo de avanços e recuos.

Rando Cameron na sua excelente obra "A Concise Economic History of the World", defende que não obstante os seus problemas internos, o Império Austro-Húngaro desempenhava um papel económico valioso na medida em que proporcionava uma vasta área de livre comércio que abarcava toda a bacia do Danúbio e que se inseria numa espécie de comunidade económica alemã que englobava toda a Europa central.

Esta situação permitiu um grande crescimento económico e apreciável bem estar para as suas populações. Após o fim da primeira guerra o plano do presidente americano (Woodrow Wilson) no sentido da autodeterminação das nações dominadas pelos alemães acabou com essa realidade político-económica (até ao conluio Franco-Alemão para a criação da CEE).

O nacionalismo económico dos novos países surgidos com os acordos de Versalhes, levou a que cada um deles busca-se a auto-suficiência produtiva de forma a prevenir que um novo domínio económico estrangeiro pudesse impedir a efectiva independência nacional.

Portanto a partir do inicio dos anos vinte, com o fim de defender os seus interesses nacionais, cada novo país (Checoslováquia, Jugoslávia, Polónia etc) criou fortes barreiras alfandegárias que contribuíram muito para limitar o comércio na Europa Central e dificultaram a recuperação no pós guerra. Isto terá sido uma das razões para a vitória dos partidos de extrema direita na região e para a segunda grande guerra mundial. O subdesenvolvimento económico da Europa de Leste e Balcãs liga-se fortemente ao fim abrupto do Império Austro-Húngaro.

Tudo isto tem especial interesse à luz da nossa própria História recente. No caso do Império Português o fenómeno tem sido muito similar. A independência das nossas colónias destruiu o espaço económico Português e não trouxe nenhum surto de desenvolvimento invejável para ninguém. Se excluíssemos tanto as guerras (com a destruição de vidas e infra-estruturas) como a acção das novas elites políticas corruptas e incapazes, qual seria actualmente o nível de desenvolvimento económico do Império Português?

(Fonte: Blogue "Estado Sentido") 

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