quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

O SER PORTUGUÊS (2ª Parte)

José Aníbal Marinho Gomes
Leia AQUI a 1ª Parte

A Europa está a desintegrar-se como Europa e caminha a passos largos para um eixo político entre a França e a Alemanha. Está claro que a solidariedade europeia é um conceito do passado fundacional e que Angela Merkel e a Alemanha se situaram mesmo à frente do resto da União.
 
Sim, Portugal perdeu a independência por causa da integração na Comunidade Europeia. A nossa Identidade de mais de oito séculos está a diluir-se e a nossa Alma Lusitana está ameaçada.
 
Cuidado, pois somos porta-voz de uma Cultura Única e Universal que não se implantou por imposição, mas pela vontade de um Povo que sentiu orgulho em SER PORTUGUÊS, ao lado do seu Rei.
 
Já Eça de Queiróz o afirmou ‘’Qualquer dia, Portugal já não é um país, mas sim um sítio. E ainda mais mal frequentado’’
 
Palavras sábias, estas de Eça de Queiróz, que antecipam num século aquelas que recentemente proferiu o sociólogo António Barreto ao admitir que Portugal pode deixar de existir como estado independente dentro de algumas décadas, mencionando como exemplo no Oceano Pacífico, a Ilha de Páscoa, cujos habitantes desapareceram não só pelas decisões tomadas mas também pela maneira como viviam.
 
E prossegue, acusando os dirigentes partidários que governaram Portugal nos últimos anos, de ludibriarem a realidade omitindo factos que ajudaram às dificuldades em que o País se encontra, de esconderem informação e mentirem ao povo, pois se ainda há quatro ou cinco anos, o país vivia desafogadamente como foi possível passar a uma situação de falência iminente e bancarrota?
 
Estou inteiramente de acordo com o ilustre sociólogo, quando diz que considera muito conveniente perguntar aos políticos o que vai acontecer no futuro…
 
Por tudo isto e principalmente pela VONTADE DE SER PORTUGUÊS não podemos permitir que os nossos governantes façam aquilo que muito bem lhes apetece.
 
É preciso dizer basta! Já chega desta república ideológica. Não podemos pactuar mais com o regime que nos foi imposto pela força e que está assente no derramamento de sangue de um Chefe de Estado legítimo e de seu filho.
 
É preciso incutir uma nova maneira de estar na política reafirmando e reformulando algumas ideias, que terão de passar pela dignificação da pessoa humana, ecologia, ambiente, etc.
 
A promoção destas novas ideias terá de ser feita de forma clara, para que as diferentes camadas da população compreendem a mensagem, sendo que para isso é necessário entrar no quotidiano dos portugueses.
 
É preciso a renovação dos partidos políticos, bem como dos quadros dos já existentes; é preciso chamar novas pessoas para a política.

Será que é livre um povo que vê o poder dos partidos enraizar-se a todos os níveis da vida nacional, de tal forma que é praticamente impossível ocupar algum lugar de relevância se não pertencer a um qualquer partido que esteja no governo?
 
Será que é livre um povo cujo desenvolvimento, depende cada vez mais de fundos europeus, cujo pagamento implica a perda de soberania?
 
Será que é livre um povo onde muitos dos seus membros vivem com reformas de 200,00€ e com um salário mínimo nacional de 485,00 €?
 
Será que é livre um povo que vê ficar impune a corrupção e o tráfico de influências?
 
Será que é livre um povo que perdeu o hábito de protestar, de se indignar e de se revoltar, quando a sua honorabilidade e a sua liberdade estão em perigo?
 
Portugal pode mudar se tivermos a coragem de traduzir em acções os nossos princípios, e se soubermos possuir a Vontade de Ser Portugueses e de Ser Livres.
 
Invoco o célebre grito de Almacave, proferido pelos povos representados nas Cortes de Lamego, simbolicamente identificado com a fundação do Reino de Portugal. ‘’Nós somos livres, nosso Rei é livre, nossas mãos nos libertaram’’ (Nos liberi sumus, Rex noster liber est, manus nostrae nos liberverunt).
 
Não posso deixar de citar novamente o brilhantíssimo Eça de Queiróz com um pensamento perfeitamente actual: Portugal está a atravessar a pior crise “Que fazer? Que esperar? Portugal tem atravessado crises igualmente más: - mas nelas nunca nos faltaram nem homens de valor e carácter, nem dinheiro ou crédito. Hoje crédito não temos, dinheiro também não - pelo menos o Estado não tem: - e homens não os há, ou os raros que há são postos na sombra pela política. De sorte que esta crise me parece a pior - e sem cura.” Eça de Queirós, in “Correspondência” (1891).

Publicado no Jornal Novo Panorama de 30 de Novembro de 2011

Sem comentários:

Enviar um comentário