Extinguir 1.º de Dezembro é “murro ao patriotismo”, extinguir o 5 de Outubro é “eliminar da História a data da Fundação de Portugal”
Um País cada vez “mais ou menos”
:“Portugal seria caso único no mundo” se não celebrar o seu dia da independência, disse José Alarcão Troni durante a cerimónia da Praça dos Restauradores, no centro da capital, onde estiveram cerca de 200 pessoas.Em sintonia, D. Duarte de Bragança, de Mirandela num evento pela defesa dos recursos hidricos nacionais ,dava voz publica ao desconforto com a destruição da memória nacional:”possivelmente daqui a uns anos ninguém se lembra do 25 de Abril”
A ausência de razões fundamentais para justificar a eliminação de datas históricas a par com a percepção publica de um estado de protectorado económico com o governo a impor medidas de austeridade “sugeridas” por comissão de interesses estrangeiros tem feito o seu caminho para evidenciar a modernidade das razões que levaram os portugueses do sec XVII a revoltarem-se contra o Poder instituído.
A voz do descontentamento público tem sido contida pela ausência de propostas executivas palpáveis, mas a longa duração do estado de crise económica que degenerou em crise ética pode cair no precipício da ilegitimidade democrática das instituições do Estado, com a presidência da Republica à cabeça.
“Será que o Povo se identifica com os seus formais representantes?” D. Duarte de Bragança, 2011
A mais recente manifestação de desagrado no passado dia 24 veio apenas juntar mais um tijolo na parede de discórdia absoluta entre as aspirações dos portugueses e as capacidades do governantes eleitos.No dia 1 de Dezembro a Câmara de Lisboa representada pelo vereador Manuel Brito (PS), viu o discurso abafado pelos gritos de algumas dezenas de jovens. Os jovens pertenciam ao Movimento de Oposição Nacional e gritavam “Políticos para a prisão”.
A cerimónia decorreu sem mais incidentes.Via-se entre a audiência uma faixa dos Amigos de Olivença (“Olivença é terra portuguesa”) e algumas bandeiras brancas e azuis da monarquia.
“É um golpe na identidade e auto-estima do país extinguir um feriado que é matriz de todos os outros”, disse à imprensa José Alarcão Troni, assegurando que a Sociedade Histórica da Independência irá continuar a celebrar a Restauração “a 1 de Dezembro, como há 150 anos as comemora, seja feriado ou não”.
“Quem decidiu [extinguir o feriado] não conhece a história de Portugal”, disse ainda Troni. “O 1.º de Dezembro e o 10 de Junho são feriados identitários que unem a nação portuguesa.”
Cada um festeja o seu 5 de Outubro. Para os republicanos é o de 1910 que conta; os partidários da Causa Monárquica recuam a 5 de Outubro de 1143, dia da assinatura do Tratado de Zamora, uma data “fundadora para Portugal”, lembrou Duarte Pio.
“Portugal é talvez o único País que não comemora a sua data de Fundação oficialmente, os monárquicos corrigem esse erro como portugueses conscientes que são” comentava um transeunte de bandeira em punho no recente 5 de Outubro comemorado em Coimbra.Ao mesmo tempo as entidades oficiais comemoravam o “seu” 5 de Outubro da República apontando a importância da data para a reflexão do presente.
Mais do que as razões temporais de sobrevivência de uma Nação é a consciência histórica colectiva que define as permissas do que um povo aspira para o futuro.Neste contexto a recente crise de governação conseguiu o feito histórico de pôr na mesma trincheira monárquicos e republicanos
A 1 de Dezembro de 1640 começou em Lisboa uma revolta, instigada pelo grupo dos “40 conjurados”, que resultou na rejeição da dinastia filipina e na restauração da independência de Portugal.
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