sábado, 1 de maio de 2010

O PORTUGUÊS DE CASTELA

São infelizmente poucos os portugueses que conhecem que a raia leste de Portugal não é exactamente uma fronteira linguística, que a fronteira política deixou em Espanha territórios bem portugueses onde a nossa fala vive em estado de depauperação.

Estou-me referindo aos concelhos espanhóis de Olivença http://olivenca.org/ e Tálega (a Olivença portuguesa) ocupados por Espanha em 1801, e que a pesar de ser mandato do tratado de Viena de 1815, o seu retorno à pátria, seguem ocupados e o português neles perseguido. Os territórios de Valência de Alcântara, Ferreira de Alcântara e Cedilho que cantou Pessoa, - e que bem se lembrou deles Afonso VI ao assinar Portugal um tratado secreto com Filipe de Anjou, (neto de Luís XIV da França), intervindo Portugal a troca desses territórios, na longa guerra de sucessão em apoio do Bourbon, frente ao aspirante austríaco-; porém, obtida a vitória pelo Bourbon (Filipe V da Espanha) este negou-se a cumprir o tratado –não tornando esses territórios bem portugueses a Portugal-, comportando-se assim dum jeito muito espanhol. Estão logo os territórios do vale do Xalma- concelhos espanhóis de Valverde do Freixo, Sam Martim de Trevejo, e Eljas. Mais ao norte estão os concelhos de Almedilha e Calabor. Todos esses territórios são contíguos de Portugal e afastados geograficamente das falas galegas do português, ainda que a pressão do castelhano e a sua imposição, dá a estas falas uma farda muito galaica http://www.pglingua.org/index.php?option=com_content&view=article&id=1906:o-galego-ou-a-caminhada-do-portugues-para-o-castelhano&catid=8:cronicas&Itemid=69.

Um grupo de professores galegos membros do colectivo glu glu, realizaram um interessante filme sobre esta realidade, que pode ser adquirido na Loja on-line imperdível http://imperdivel.net/documentarios/60-entrelinguas.html, e que estou seguro vai ser todo um descobrimento para o público português em geral, e para entender de jeito muito mais claro que as falas galegas são parte da sua própria língua.

O documental é acompanhado com outro DVD com dados, inclui uma entrevista -de muito interesse- com um professor da universidade de Vigo – Henrique Costas-, que seguindo as teses espanholas, defende que as falas galegas não são português e por tanto algumas das falas portuguesas da raia leste e pela mesma razão -são galegas- é dizer espanholas (e não portuguesas).

A obra é uma pequena jóia que vai servir para os portugueses recuperarmos algum aspecto da complexidade da nossa formação nacional, pois a fronteira do tratado de Alcanizes não é exactamente uma fronteira linguística.

Só mais uma cousa, se o português destes territórios vive uma dura situação, onde pior está, é no mais recente território roubado de Portugal –Olivença-, onde se empregaram a fundo os espanhóis com -jugo e vara- para apagar a nossa língua.

(Fonte: lusitana antiga liberdade )

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