domingo, 2 de maio de 2010

A LÓGICA ELEITORAL DO ELEITORADO PORTUGUÊS É MONÁRQUICA

Este será porventura um surpreendente raciocínio lógico, sobretudo para a comunidade monárquica portuguesa.

Porém é uma realidade, um sentido constante do eleitorado português.

Vejamos:

O grande argumento do regime monárquico é o da absoluta independência do Chefe de Estado, o Rei, face aos partidos políticos, que lutam pelo poder legislativo e executivo.

O Rei é o símbolo da história e da união de um povo, pelo que como Chefe de Estado assume naturalmente uma total isenção, face a todos os agentes da luta política e funciona como garante da igualdade de condições de todas essas forças nas diversas disputas sociais e eleitorais.

Numa República isto não é assim, como resultado do Chefe de Estado, ser eleito através dos partidos, a maior parte das vezes protagonizada por membros activos desses partidos políticos ou seus antigos dirigentes.

O eleitorado português tem consciência de que por mais declarações e atitudes de independência, um Presidente da República eleito, nunca consegue despir-se totalmente das suas simpatias partidárias ou dos compromissos anteriores.

Esta consciência do eleitorado está bem registada na história dos resultados eleitorais, desde esta 3ª República.

Nunca foi eleito um Presidente da República que fosse proposto pela maioria que Governava, ou seja oriundo da mesma área política dos partidos que obtiveram maiorias em eleições legislativas.

Ou seja, o eleitorado português rejeitou sempre a tese “ um governo e uma maioria”.

A razão desta circunstância histórica, só pode ter uma interpretação.

O povo português sabe bem que a independência de um Presidente é uma falácia, que a tese de que depois de eleito, passa a ser Presidente de todos os portugueses, uma mentira.

É por ter esta clara noção da realidade, que o eleitorado tem sempre rejeitado que o poder da 3ª Republica, tenha sido tomado apenas por uma facção partidária.

O povo tem plena consciência da falta de isenção e de independência dos Presidentes eleitos. Sendo que por esse facto, muitas vezes condiciona nas eleições legislativas o seu sentido de voto, porque dá prioridade a esta importante circunstância decorrente do ideário republicano.

Ou seja, o eleitorado português tem plena consciência de que o ideário Monárquico, eliminaria este condicionalismo e ocasionaria uma maior liberdade nas opções eleitorais partidárias das eleições legislativas.

O eleitorado português assume assim uma postura monárquica, ou seja, é ele o garante da isenção e da independência no exercício do cargo da Chefia de Estado, mas para o fazer, condiciona simultaneamente a sua liberdade de opção partidária.

A opção nesta matéria entre Monarquia e República é assim uma escolha entre ter um Chefe de Estado, que não é eleito, mas é uma essencial referência de unidade nacional, ou manter uma limitação nas escolhas eleitorais, por uma desconfiança realista, que todas as Repúblicas transmitem.

José J. Lima Monteiro Andrade
(Fonte: Blogue da Acção Monárquica)

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