REPÚBLICA
5 de Outubro de 1910 - 11 de Junho de 2010
Confortada com todos os sacramentos do Supremo Arquitecto do Universo, faleceu ontem na sua casa, ao Restelo, a Senhora D. República.
A finada era mãe, avó e bisavó de cavalheiros tão distintos como os membros das famílias Soares, Pinto de Sousa, Louçã, Alegre e outros reputados paladinos da ética que lhe herdou o nome - a estimada ética republicana.
Quis o Arquitecto que nos comanda o destino o decesso se verificasse precisamente no dia em que Portugal comemora as suas glórias e o seu povo pelos quatro cantos do mundo espalhado.Já em Outubro, a extinta perfazeria 100 anos de existência conturbada, em que soube estar sempre à altura de não deixar os nacionais fazerem o que tinham por mais conveniente ao seu bem. Não, a História registará a intransigência sem limites da falecida e de quantos tiveram a felicidade de com ela lidar - além dos acima referidos, os distintos sportmen Afonso Costa, Bernardino Machado, António José de Almeida, António de Oliveira Salazar e tantos outros que, desde ontem não têm cessado de comparecer ao velório, o sofrimento estampado no rosto, um cravo vermelho na lapela.
Sempre lúcida até ao fim dos seus dias, enfrentou resignadamente a sua doença. E porque nunca virasse a cara ao combate, dispôs-se já no fim da vida a gastar 10 milhões de euros, na esperança de que a Ciência pudesse ainda fazer algo por si. Era já, porém, demasiado tarde.
O funeral realiza-se amanhã, logo à alvorada, com cerimónias fúnebres no salão nobre do Grande Oriente Lusitano, seguindo depois os seus restos mortais para o cemitério do Alto de S. João onde, por vontade expressa da finada, será dada jazida aos seus restos mortais entre as campas do Buiça e do Costa.
Excertos de «Memórias de Um Átomo» uma inestimável colaboração do nosso comentador Ega.
(Fonte: Centenário da República )
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