El-Rei Dom Sebastião, o Desejado, «maravilha fatal da nossa idade».
No dia 4 de Agosto de 2010 cumpre-se o 432.º aniversário da Batalha de Alcácer-Quibir (que teve lugar no Wed El-Mahzen perto de Ksar El-Kebir, em 1578). 4 + 3 + 2 = 9 = Ø
Tombou aí El-Rei Dom Sebastião, O Desejado, Galaaz da Pátria, vulto maior da nossa História. E com Ele tombou PORTVGAL. Se tivesse triunfado, teria sido aclamado (até hoje) como um dos maiores Reis de Portugal e da Europa. Mas tombou, vilmente traído de muitas e desvairadas formas. É, portanto, um monstro, um louco, uma aberração.
Praticamente tudo o que se diz e se ensina sobre Dom Sebastião é fantasia quando não mentira. Afinal a História é escrita pelos vencedores. E os vencedores em 1578 foram os castelhanos, como estava previsto e como foi maquinado. Os mouros — que ainda hoje celebram a “vitória” do 4 de Agosto (eu sei, estive lá na planície do El-Mahzen com 24 anos, a idade do Rei quando tombou e assisti às comemorações efusivas do 405.º aniversário da batalha) — não valiam muito, estavam divididos e foram de facto vencidos. Os seus chefes morreram na batalha. 4 + 0 + 5 = 9 = Ø.
A nós venceu-nos a irracionalidade, a pusilanimidade, a traição e a proverbial desorganização portuguesa (as riquezas descomunais de Vera Cruz e das Índias fizeram de nós, em pouco menos de um século, um Povo pouco audaz e pouco ágil).
Quem queira saber mais sobre este Rei trágico e exemplar leia e informe-se. Não é difícil. Os testemunhos fidedignos, coevos e dos nossos dias, abundam.
Quem queira ver o Desejado em efígie só tem de ir à estação de comboios do Rossio e olhar para o pórtico e para a pequena figura de menino apoiada no escudo de Portugal.
Quem queira ver a urna onde NÃO repousam os seus ossos (... si vera est fama ...) só tem de ir ao transepto dos Jerónimos.
Evocando este dia, que de tanta esperança foi para PORTVGAL, aqui ficam dois testemunhos do tempo:
Luiz Vaz de Camões, Os Lusiadas, Canto I
Estandarte carmim do Senhor Rei Dom Sebastião, o Desejado
6
E vós, ó bem nascida segurança
Da Lusitana antígua liberdade,
E não menos certíssima esperança
De aumento da pequena Cristandade;
Vós, ó novo temor da Maura lança,
Maravilha fatal da nossa idade,
Dada ao mundo por Deus, que todo o mande,
Para do mundo a Deus dar parte grande;
7
Vós, tenro e novo ramo florescente
De uma árvore de Cristo mais amada
Que nenhuma nascida no Ocidente,
Cesárea ou Cristianíssima chamada;
(Vede-o no vosso escudo, que presente
Vos amostra a vitória já passada,
Na qual vos deu por armas, e deixou
As que Ele para si na Cruz tomou)
8
Vós, poderoso Rei, cujo alto Império
O Sol, logo em nascendo, vê primeiro;
Vê-o também no meio do Hemisfério,
E quando desce o deixa derradeiro;
Vós, que esperamos jugo e vitupério
Do torpe Ismaelita cavaleiro,
Do Turco oriental, e do Gentio,
Que inda bebe o licor do santo rio;
9
Inclinai por um pouco a majestade,
Que nesse tenro gesto vos contemplo,
Que já se mostra qual na inteira idade,
Quando subindo ireis ao eterno templo;
Os olhos da real benignidade
Ponde no chão: vereis um novo exemplo
De amor dos pátrios feitos valerosos,
Em versos divulgado numerosos.
10
Vereis amor da pátria, não movido
De prémio vil, mas alto e quase eterno:
Que não é prémio vil ser conhecido
Por um pregão do ninho meu paterno.
Ouvi: vereis o nome engrandecido
Daqueles de quem sois senhor superno,
E julgareis qual é mais excelente,
Se ser do mundo Rei, se de tal gente.
11
Ouvi, que não vereis com vãs façanhas,
Fantásticas, fingidas, mentirosas,
Louvar os vossos, como nas estranhas
Musas, de engrandecer-se desejosas:
As verdadeiras vossas são tamanhas,
Que excedem as sonhadas, fabulosas;
Que excedem Rodamonte, e o vão Rugeiro,
E Orlando, inda que fora verdadeiro,
...
15
E enquanto eu estes canto, e a vós não posso,
Sublime Rei, que não me atrevo a tanto,
Tomai as rédeas vós do Reino vosso:
Dareis matéria a nunca ouvido canto.
Comecem a sentir o peso grosso
(Que pelo mundo todo faça espanto)
De exércitos e feitos singulares,
De África as terras, e do Oriente os marços,
16
Em vós os olhos tem o Mouro frio,
Em quem vê seu exício afigurado;
Só com vos ver o bárbaro Gentio
Mostra o pescoço ao jugo já inclinado;
Tethys todo o cerúleo senhorio
Tem para vós por dote aparelhado;
Que afeiçoada ao gesto belo e tenro,
Deseja de comprar-vos para genro.
17
Em vós se vêm da olímpica morada
Dos dois avós as almas cá famosas,
Uma na paz angélica dourada,
Outra pelas batalhas sanguinosas;
Em vós esperam ver-se renovada
Sua memória e obras valerosas;
E lá vos tem lugar, no fim da idade,
No templo da suprema Eternidade.
18
Mas enquanto este tempo passa lento
De regerdes os povos, que o desejam,
Dai vós favor ao novo atrevimento,
Para que estes meus versos vossos sejam;
E vereis ir cortando o salso argento
Os vossos Argonautas, por que vejam
Que são vistos de vós no mar irado,
E costumai-vos já a ser invocado.
Chronica de Elrei D. Sebastião, por Fr. Bernardo da Cruz; Publicada por A. Herculano, e o Dr. A. C. Payva, Lisboa: 1837; De uma falla que elrei fez aos seos, antes da batalha. capitulo LXIV, pp.250-5 — excerto
Dom Sebastiam por graça de Deos, Rey de Portugal, Apparecido et Prophetizado.
E certifico-vos que se me buscardes, vos hei-de apparecer diante de todos os esquadroens, e se me naõ achardes, entendei que andarei entre o imigos;
por isso, tende-me por companheiro fiel, que tanto hei-de aventurar minha pessoa na conservaçaõ das vossa vidas, como por honra da victoria.
Se eu morrer nesta batalha, tende-me por ditoso, pelo premio das almas que meu zelo merece, e a fama que espero deixar em maõ de barbaros infieis por honra da cruz:
huma só cousa podeis sentir de minha morte, que será perderdes hum rei amigo, obrigado a vos fazer mercês e honras por o amor com que me seguistes, e alegria com que estais offerecidos a morrer por amor de Deos e meu.
A Deos peço, com os olhos no ceo, nesta ultima hora hora de morrer, vos pague a todos esse zelo; porque, se eu vencer, todos no premio das mercês sentireis em mim o muito que vos amo.
...
Lux perpetua luceat ei.
4 do 8 de 1578 = 4 + 8 + 1 + 5 + 7 + 8 = 33; 3 + 3 = 6
El-Rei Dom Sebastião ocultou-se com 24 anos: 2 + 4 = 6
Nasceu em 20 do 1 de 1554 = 2 + 0 + 1 + 1 + 5 + 5 + 4 = 18; 1 + 8 = 9 = Ø
20 do 1 de 2010 = 2 + 0 + 1 + 2 + 0 + 1 + 0 = 6
4 do 8 de 2010 = 4 + 8 + 2 + 0 + 1 + 0 = 15; 1 + 5 = 6
1554 --> 1 + 5 + 5 + 4 = 15; 1 + 5 = 6
1578 --> 1 + 5 + 7 + 8 = 21; 2 + 1 = 3
6 + 3 = 9 = Ø, q.e.d.
Para o Tó Zé Maya, para o Paulo Borges, para o Pedro Ayres de Magalhães e para o Paulo Teixeira Pinto.
Haja Estirpe, haja Império!
Valete, fratres!
(Fonte: António Emiliano no Facebook)
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