A Família Real Portuguesa, seja agora no presente como também no tempo da monarquia, sempre teve uma forte ligação a Sintra, onde reside D. Duarte de Bragança. Assim sendo, Jornal de Sintra entrevistou D. Duarte acerca de questões relacionadas com a sua vivência no concelho.
Jornal de Sintra – Gostaríamos de saber quais os pontos marcantes em que Sintra interveio na história da monarquia portuguesa e como esta viu e vê os sintrenses.
D. Duarte de Bragança – A Família Real Portuguesa sempre gostou de estar em Sintra devido à simpatia dos seus habitantes e à maravilhosa beleza desta vila. Esta herança “real” tem sido bem aproveitada para promover o concelho. Congratulo-me com a Câmara Municipal pelo valoroso esforço de protecção do seu património monumental e paisagístico.
JS – Como habitante no concelho de Sintra, quais são as suas actuais preocupações?
DDB – Infelizmente em tempos anteriores, mas ainda recentes, algumas barbaridades foram cometidas que comprometeram gravemente a beleza da nossa paisagem, nomeadamente a construção desordenada de “caixotes” próximos do Palácio de Queluz e de outros junto ao Palácio da Vila. A autorização para grandes urbanizações no concelho terão trazido recursos financeiros à Câmara Municipal mas transformaram Sintra num concelho dormitório de Lisboa, o que causou imensos problemas. Felizmente os actuais autarcas têm consciência deste problema e determinação para lhe fazer frente, sendo essa a sua maior virtude. Em Sintra é mais importante saber dizer “não” do que fazer muitas coisas frequentemente inúteis, com o dinheiro dos contribuintes, como acontece em muitos outros concelhos.
JS – Quer acrescentar alguma coisa que considere de interesse para os sintrenses?
DDB – A vila de Sintra é hoje Património da Humanidade reconhecido pela Unesco, mas se não soubermos corrigir alguns erros cometidos e impedir outros, podemos facilmente perder esta classificação. Seria importante apoiarmos as actividades dos movimentos cívicos como a Associação de Defesa do Património de Sintra que luta há anos pela salvaguarda da nossa memória e da beleza da nossa terra. Só com muitos associados é que estes movimentos podem ter verdadeira influência. Temos que ser lógicos e coerentes: se gostamos de Sintra temos que contribuir para a sua preservação de todos os modos possíveis. Há evidentemente um outro problema que me preocupa e que é a necessidade de apoiar e integrar social e culturalmente a juventude que cresce em certos bairros chamados sociais e onde se está a desenvolver um espírito de gueto com consequências perigosas para o futuro. As leis portuguesas foram escritas com a preocupação humanitária de proteger os marginalizados mas na verdade acabam por estimular os comportamentos marginais ao desautorizarem a acção da justiça e das forças de segurança. Temos que exigir de quem votamos uma atitude mais justa e inteligente.
David Garcia
(Fonte: Jornal de Sintra)
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