Sob a influência da experiência francesa uma corrente do sindicalismo revolucionário verá a luz do dia no princípio do século XX. Os sindicalistas revolucionários serviram de traço de união entre socialistas e anarquistas no seio dos sindicatos. Uma imprensa sindical aparecerá em 1908 com o diário A Greve, de curta duração (alguns meses) e do semanário O Sindicalista (1910 – 1916). No congresso operário de 1909 acaba a hegemonia socialista dentro do movimento sindical. Em 1914 um congresso totalmente sindical constitui a União Operária Nacional (UON), etapa preparatória da CGT que fará a sua aparição em 1919. O mesmo ano verá a criação das Juventudes Sindicalistas cuja Federação se ligará organicamente à CGT. A UON e a CGT terão uma vida difícil nos governos republicanos (como se sabe a República foi instaurada em 1910) devido à sua dinâmica reivindicativa e da sua oposição à guerra de 1914 – 1918. O regime republicano (1910 – 1926) substituiu a monarquia constitucional (1834 – 1910) foi esperado pelas classes populares com demasiada esperança. Mas o parlamento e os governos republicanos mostraram-se (anti clericalismo à parte) muito conservadores do ponto de vista económico e social, e pouco preocupados com a legalidade na luta contra o movimento sindical. Detenções arbitrárias de militantes, encarceramentos prolongados e deportações sem julgamento, encerramento de lugares, interdição da imprensa sindical, destruição dos seus locais e tipografias, execuções extra judiciais, tudo foi utilizados pelos governos “democráticos” contra o movimento operário. Esta conduta afastou as classes populares dos partidos republicanos e criou as condições favoráveis à eclosão da ditadura militar, prelúdio do regime fascista que se seguirá. O desaire do movimento insurreccional de Fevereiro de 1927 contra a ditadura, onde a CGT teve uma parte activa, acarretou como consequência a sua ilegalização e a suspensão do seu jornal A Batalha.
Fonte m ANOVIS ANOPHELIS
Publicado no blogue "Esquerda Monárquica"
Este artigo é interessante. Existem, porém, algumas imprecisões e erros. Os "sindicalistas revolucionários" eram eles os próprios anarquistas ou, para ser ainda mais rigoroso, os anarco-sindicalistas, assim intitulados porque acreditavam numa sociedade autogestionária assente na organização sindical. Em relação aos socialistas, convém frisar que apesar da denominação, pouco ou nada têm a ver com a actual corrente socialista que se origininou da ruptura da II Internacional. Distinguia-os do anarquismo o facto de reconhecerem a necessidade do partido como organização de vanguarda.
ResponderEliminarPor fim, a ditadura militar de 1926 não deu origem a qualquer regime "fascista" mas antes a um governo autoritário que passou a dispôr de instrumentos legais e de repressão para impor a sua política. Ainda, do ponto de vista histórico, não é propriamente o levantamento insurreicional da Marinha Grande que leva à ilegalização da CGT mas a introdução dos "Sindicatos Nacionais" e do corporativismo que provoca essa inevitabilidade.