A sobrevivência de qualquer comunidade, da mais circunscrita como a família, à mais alargada como o caso duma Nação depende, de entre outros factores, de uma cultura de serviço e altruísmo, ou noutra palavra, de “amor”. É sobre esta perspectiva que eu descreio profundamente na viabilidade duma Pátria sustentada em contas de mercearia, na disputa de interesses individuais ou corporativos, assente numa cultura de conflito permanente com a sua História, na desconstrução sistemática dos seus símbolos e tradições. Atingida a Idade do sacrossanto indivíduo, democratizado o hedonismo, o grande desafio da democracia, para a sua própria sobrevivência, é a restauração da mística desse “amor”, cimento último de qualquer tribo. Reduzidos por estes dias à figura de Consumidores, com existência circunscrita às estatísticas e sondagens, para toda a sorte de duvidosos interesses, tal metamorfose só será possível através duma inspiradora metapolítica que nos resgate uma causa comum, para voltarmos de novo a ser um Povo.
publicado por João Távora
(Fonte: Real Associação de Lisboa)
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