Mário Soares alerta para o perigo da Monarquia
Mário Soares na sua crónica habitual no DN alerta para os desvariós da revisão Constitucional e alerta para o facto de se dever à constituinte de 1976 o período mais longo de paz em Portugal (não foi devido aos fundos comunitários...não!!!!!) .....desde 1820 (parece que antes não existia Monarquia e o Estado Novo não foi "um período de paz").
Os monárquicos (divididos em duas típologias que não existem desde Paiva Couceiro) apenas "querem a Ditadura", de acordo com o ex-Presidente, e são pouquissimos (pelo menos os suficientes para suscitar as preocupações de Mário Soares)...mas não os suficientes para contrariar a População de se revê no 25 de Abril !?
Sobre os 40 anos da morte de Salazar seria demasiado para um republicano,admirador da I República, não misturar Ditadura com Monarquia.
«Desta vez, passou-se exactamente o contrário. A Constituição - e as suas Revisões - tornaram a Lei Fundamental largamente consensual. Direi mesmo emblemática, do regime democrático, pluripartidário, tolerante, respeitador dos Direitos Humanos e do espírito do 25 de Abril, uma vez depurado - atenção - dos desvarios do PREC, após o 25 de Novembro de 1975. A verdade é que devemos à Constituição, em boa parte, os trinta e quatro anos de paz civil, o período mais pacífico de Portugal contemporâneo, desde a Revolução liberal de 1820. Por isso só deve ser alterada com muito cuidado e em tempo oportuno.
É certo que há alguns monárquicos, constitucionais ou integristas - pouquíssimos! - que gostariam de ver o regime republicano substituído por uma monarquia. E há saudosistas da ditadura conservadora, agarrados a privilégios do passado, partidários da ordem do que chamam a "balbúrdia democrática". Apreciam o silêncio imposto pela censura e o aconchego da PIDE desde que não se metesse com eles. Mas são poucos. Mesmo que se tenha querido, sem êxito, mitificar Salazar. A que se juntam alguns reaccionários - e seus descendentes - que apanharam um grande susto com os exageros do PREC. Algumas vezes ainda acordarão a pensar nessa época, que confundem - mal - com o 25 de Abril. Porém, a esmagadora maioria dos portugueses não quer voltar atrás. São livres. Ditadura nunca mais. E hoje revêem-se no 25 de Abril.»
(Fonte: Diário de Notícias de 27 de Julho de 2010)
Mário Soares engana-se tal como o fizeram antes Salazar, Afonso Costa e demais paladinos da "Liberdade Republicana".
A população quer , desde 1820 (e antes), apenas o bem estar suficiente para deixar aos politicos a Politica e a gestão do Bem Público. Deseja para si e para os descendentes um futuro melhor e uma vida em Liberdade. Mas os políticos (em especial desde 1910) insistem em envolver a totalidade da população portuguesa nas suas querelas e interesses pessoais.Desde 1910 Portugal não conhece outra realidade que não seja a ameaça constante de revolta, guerra cívil e crise económica
A população não se revê no 25 de Abril , não é devido á Constituição que há paz (a maioria nem a conhece) nem sequer o periodo de paz mais longo foi o actual.
A população não se revê no 25 de Abril na mesma proporção que a figura de Salazar , que apenas coorporiza a desilusão nacional com as experiências Democráticas, se torna de dia para dia uma referência do "sistema político adequado a Portugal". Não foi a Constituição que trouxe paz mas sim os fundos estruturais e a sua devida redistribuição pelo território, facto que Soares conhece muito bem por ter inventado os roteiros presidênciais pelo interior (na altura para contestar a politica económica do Governo de cavaco Silva, actual presidente), nacional. As liberdades económica e Política que a República , supostamente traria ou aumentaria, não se tornou uma realidade em qualquer dos últimos 100 anos (nem em termos absolutos nem em termos relactivos). Período de paz efectivamente houve-o durante o Estado Novo em troca da Liberdade Política e torna-se um eufemismo argumentar soluções contra a Ditadura sem reflectir o porquê de esta ter sido amplamente aceite pela generalidade da população.
A devida falta de reflexão sobre as razões da longevidade do Estado Novo face à facilidade que houve em instaurar o regime republicano obriga a uma conclusão evidente e esta é a de que a Liberdade Política, facto tão importante em 1910, se tornou irrelevante em 1926 (em apenas 16 anos o regime republicano destruiria a relevância da Democracia entre a população, incapaz de perceber que a Democracia havia morrido em 1910 com o 5 de Outubro) e que a suposta relevância dada ao 25 de Abril pode muito bem resumir-se à vontade de acabar com a guerra colonial e exigir do Estado as liberdades económicas que o resto da Europa conhecia...afinal foi por essa mesma razão que houve um pós 1820.
A I República não , é hoje, mais do que a devida justificação para as quatro décadas seguintes e corremos hoje o risco de estar a justificar , hoje, uma experiência semelhante no Futuro. À falta de Monarquia muda-se a Constituição, rezando para que seja suficiente. Facto que os últimos 100 anos provam que nunca o foi.
Um bom Estadista olha para outros exemplos concretos e não para soluções utópicas. Se o desenvolvimento de Portugal, facto evidente, se explica com o aumento das Liberdades e com a disponibilização de crédito (ao qual muito se deve os fundos estruturais) já cai por terra o mesmo argumento quando comparamos o histórico do desenvolvimento social e económico de Portugal com Espanha. Espanha de Franco era uma pálida sombra face ás capacidades estruturais de Portugal e no entanto, passados 36 anos, Espanha suplanta a todos os níveis o grau de desenvolvimento de Portugal chegando ao ponto de ser uma ameaça aos interesses estratégicos nacionais (como o recente debate patrocinado pelo IDP, com Horta e Costa, sobre a tentativa de aquisição da VIVO à PT pela Telefónica)...como explicar este colossal hiato entre dois paises qe partiram de posições diferentes com as mesmas oportunidades?
Salazar ao deixar na mão de Marcello Caetano a introdução de medidas de fomento de caris político mais moderno (em vez de restaurar a Monarquia em D. Duarte Nuno) chocou com um bloqueio que originaria a breve prazo a necessidade de uma mudança de regime. De certa forma os interesses instalados e a própria natureza do regime republicano condenam o regime a uma renovação violenta cíclica. Franco , em Espanha, ciente que a sua morte traria o problema que levou à necessidade de uma Ditadura resolveu delegar a legitimidade do Poder na sua fonte original: o Rei
Assim o único factor político relevante que precede à adesão à CEE destes dois vizinhos é o facto de um ser uma República totalmente renovada políticamente (facto que mereceu elogios de republicanos em Espanha) e o outro ser um País com um Rei como Chefe de Estado (Monarquia, portanto), mantendo tudo o resto imútavel .
36 anos depois as diferenças são evidentes, a Republica portuguesa esgotar-se-ia em debates políticos sem alterar o essêncial da estrutura económica ,ficando efectivamente parada a partir de 2003. Espanha tomaria o caminho lento da Democracia pulvilhando a País de PME's e beneficiando a concentração de capital em sectores estratégicos e hoje , apesar da crise, o País aguenta estóicamente uma taxa de desemprego de dois dígitos sem que a questão do regime seja posta em causa (por motivos económicos) e sem que as políticas de fomento deixem de ser aplicadas
Em Portugal, basta metade da taxa de desemprego espanhola para observar dignos políticos como o Presidente da Madeira a instigar a revolta popular os economistas (maioria ex-ministros com responsabilidades no resultado que critícam) a profetizar a queda da Nação sob um banho de sangue um ex- Presidente a alertar para os Monárquicos e saudozistas do Estado Novo.
Urge perguntar se a República é assim tão frágil que não se sustenta sem fluxos de dinheiro constantes, face à constante ameaça de revolta.
Entre Portugal e Espanha a diferença é a existência de um Rei...e talvez seja isso e apenas isso que motiva a intervenção de Mário Soares.
O medo que Portugal volte a ser aquilo que era antes de 1820. Um grande país que não precisava de grandes políticos estadistas e ideólogos, mas apenas de um Rei práctico e do mesmo povo que hoje existe, para se tornar uma potência militar e económica.
Um País que não precisa de políticos ideologias e discursos, ai está o grande terror que assola as mentes republicanas.
RFGS
(Fonte: monarquiaportuguesa.com)
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