« No Farol da Guia »
Pedi ao Farol da Guia
Pra que a nau não naufragasse
Na noite que for o dia
Que fosse luz e a guiasse
E pedi mais:
Que baloiçasse no ar
Os sinais
Do tufão que vai chegar
Pra que ao abrigo do cais
A nau achasse lugar
E o primeiro farol
De aviso à navegação
Do mundo onde nasce o Sol
Não me disse sim nem não
Mas a âncora ancorada
Como fanal de bonança
Entre os muros da esplanada
Disse, sem me dizer nada
- Tem esperança
publicado por Cristina Ribeiro
(Fonte: Blogue "Estado Sentido")
O poeta da Távola Redonda _António Manuel Couto Viana nasceu em Viana do Castelo, em 24 de Janeiro de 1923. O Teatro Sá de Miranda era propriedade de sua família e lá começou a dar os primeiros passos na arte de representar e estreou a sua primeira peça de teatro infantil, "A Rosa Verde". Em 1946, foi viver com a família para Lisboa onde conheceu Sebastião da Gama, David-Mourão Ferreira e Vasco Lima Couto. David-Mourão Ferreira, conhecedor da sua paixão pelo teatro, levou-o para o Teatro Estúdio do Salitre onde se estreou como actor, figurinista e encenador. Em 1948, estreou-se na poesia com o livro "O Avestruz Lírico" e desde então publicou dezenas de obras. Entre 1950 e 1954 dirigiu, com David-Mourão Ferreira, Luiz de Macedo e Alberto de Lacerda, os cadernos de poesia "Távola Redonda". Mais tarde dirigiu a revista cultural "Graal" e fez parte do conselho de redacção da revista "Tempo Presente" (1959-1961). O culto do passado está presente em toda a sua obra poética, em oposição ao neo-realismo que era na época a corrente literária dominante. Couto Viana fez parte da direcção do Teatro de Ensaio (Teatro Monumental), Companhia Nacional de Teatro e foi empresário e director do Teatro do Gerifalto, onde apresentou dezenas de peças para crianças. Encenou óperas para o Círculo Portuense de Ópera, Companhia Portuguesa de Ópera (Teatro da Trindade), foi mestre de arte de cena do Teatro Nacional de S. Carlos e orientador artístico da Oficina de Teatro da Universidade de Coimbra. A sua obra foi distinguida com vários prémios e foi condecorado pelo Governo Português e pelo Governo Espanhol.
(Fonte: Sociedade Portuguesa de Autores)
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