Cientes da importância dos caminhos-de-ferro para o desenvolvimento do País, os antigos Reis promoveram fortemente as ligações ferroviárias. As linhas cresceram e propagaram-se a todo o Portugal. Havia, pode-se concluir, uma visão estratégica (encabeçada pela própria Coroa) que pretendia desenvolver a nação. Fizeram-se pontes e túneis (com as dificuldades inerentes à época) pois nada podia impedir a chegada do progresso.
Vou narrar o que me lembra do solene dia da inauguração que, enfim, chegou. Minha mãe não quis ir ao banquete do Carregado. Mas foi comigo para um cerro fronteiro à estação de Alhandra ver a passagem do comboio (….). Finalmente, avistámos ao longe um fumozinho branco, na frente de uma fita escura que lembrava uma serpente a avançar devagarinho. Era o comboio? (…) Vinha festivamente embandeirado o vagão em que viajava D.Pedro V. O comboio parou por um momento na estação, de onde se ergueram girândolas estrondosas de foguetes (…).
Livro de memórias da Marquesa de Rio Maior
Volvidos estes anos, a história é diferente. Com a desculpa de não serem rentáveis, fecham-se linhas ao invés de as modernizar (como Espanha fez). Chega-se mesmo à caricata situação de Viseu (capital de distrito, muito em voga nestes dias por acolher o Congresso da Causa Real) não possuir ligação ferroviária.
Enquanto isso o imenso património ferroviário vai-se acumulando, deixado ao abandono, numa situação que incomoda (para não dizer revolta) qualquer Português que se preze.
Será o estado do património é o espelho do estado do País?
E agora?
Agora Portugal precisa de um REI.
(Fonte: Portugal Futuro)
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