"Excelentíssimos senhores,
Não queria deixar de dar conhecimento a V.Exas. deste meu email, enviado à Associação de Pais da EB1 JI de Santiago, o qual não mereceu publicação no respectivo blog (facto que estará, muito provavelmente, associado à liberdade de expressão tão típica da república).
Aproveito para manifestar a V.Exas. a minha indignação e reprovação veemente em relação à propaganda republicana que se encontra exposta no JI de Santiago. Creio que não compete à Escola qualquer interferência viciada sobre a formação de opinião política dos alunos, ainda que se trate, neste caso, de um Jardim de Infância. Compete sim à Escola, com total isenção, promover e estimular junto dos alunos, o seu interesse pela política, bem entendida como instrumento nobre de serviço à causa pública.
Muito respeitosamente,
Mário Neves
Encarregado de Educação de Afonso Duarte Veloso Neves (1º ano) e Leonor Afonso Veloso Neves. (JI)
---------- Mensagem encaminhada ----------
De: Mário Neves
Data: 26 de Maio de 2010 16:42
Assunto: Comemoração Centenário da República - Opinião Enc. Ed. Mário Neves.
Para: eb1santiago@gmail.com
Excelentíssimos Senhores,
Recolhi este endereço de correio electrónico da página da Associação de Pais na internet. Sinceramente, não sei se a referida página constitui apenas um meio de emissão de informação ou se está prevista, igualmente, a liberdade de publicação de opiniões e comunicados diversos dos Pais e Encarregados de Educação. Nesse sentido, se possível, gostaria que fosse dada visibilidade, na mesma página, a esta minha exposição em resultado da organização de uma iniciativa no âmbito do “Centenário da República”. Agradeço antecipadamente.
Com os melhores cumprimentos, Mário Neves.
Encarregado de Educação de Afonso Duarte Veloso Neves (º1 ano) e Leonor Afonso Veloso Neves. (JI)
“ Excelentíssimos senhores,
Recebi no passado dia 24 de Maio, uma notificação escrita informando que, no próximo dia 9 de Junho vão “comemorar o Centenário da República” em cuja iniciativa, os Jardins de Infância vão representar a Monarquia. Agradece-se ainda, no mesmo documento, a nossa colaboração na confecção dos fatos.
Cumpre-me agradecer a notificação, e procederei conforme se solicita. Com efeito, as datas históricas nacionais devem constar do programa de actividade escolar, promovendo junto dos alunos o conhecimento da História de Portugal, não só do ponto de vista cognitivo mas, nessa medida, estimular, prematuramente, o dever de cidadania e desenvolver o sentimento Pátrio. Num mundo globalizado, efectivamente, devem-se cumprir estes desideratos. À organização, parabéns.
Devo, todavia, manifestar o quão desconfortante é para mim satisfazer o presente pedido. Por três razões:
1. Da Legitimidade: na verdade, trata-se não da Implantação mas sim da Imposição da república. Se é verdade que o poder reside no Povo, é não menos verdade que o regime republicano português nunca, em momento algum, foi por aquele sufragado. Como se pode comemorar um regime sem legitimidade democrática?
2. De ordem Criminosa: a imposição da república radica no Regicídio, ou seja, no homicídio de Sua Majestade o Rei D. Carlos e de seu filho, o Príncipe Real D. Luís Filipe. Omitirão este acto criminoso e desumano na representação a que se propõem?
3. Da Fundamentação: da análise política, social, económica e cultural, o que motiva a presente “comemoração” é, designadamente, a degradação moral, desertificação do interior, violação do meio ambiente, violação da Língua Portuguesa, desorientação espiritual, facilitismo na educação e avaliação escolar (bem entendida a desautorização total da classe docente), violação grave da matriz familiar, esquecimento da agricultura, degradação do património cultural, violência, crise económica e dos mercados financeiros, desemprego e, sobretudo: corrupção. Teremos a comemorar ou a lamentar?
Nesse sentido, temo que não reste outra solução à organização senão omitir a verdade histórica para assim poder blindar o interesse pedagógico e cultural da representação. Se assim for possível…
Resta-me a consolação de que os Jardins de Infância vão representar a Monarquia e, em particular, à minha querida filha, cabe a representação de Sua Majestade, a Rainha D. Amélia (creio que assim me foi transmitido). Salvaguardada pela sua profunda infantilidade, não sentirá assim o peso da dor e da desgraça que na realidade caiu sobre a Pessoa que representa, quando, após lhe terem assassinado o marido e o filho, a enviaram para o exílio…
A História não se apaga. O Povo é livre de escolher o seu caminho. A isto se chama Democracia. Todas as outras vias são inaceitáveis. É isto que temos de ensinar aos nossos filhos e aos nossos alunos.
Muito respeitosamente,
Mário Neves (*)
(Fonte: Blogue "Fidelíssimo" http://fidelissimo.blogspot.com)
(*) Vice-Presidente da direcção da Real Associação da Beira Litoral
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