quarta-feira, 3 de novembro de 2010

ÚLTIMAS PALAVRAS DE DOM MANUEL II

Malcolm Howe, um monárquico britânico que escreveu um livro sobre o soberano português, cita as últimas palavras de Dom Manuel, que morreu sufocado em 1932 com uma infecção na garganta.
Ao dizer que seria “o último Rei de Portugal” provou, elogia o historiador, que “não só era real como era realista”. De acordo com Howe, Dom Manuel II percebeu que a Monarquia portuguesa “estava condenada” pela república.
O Monarca foi obrigado a fugir devido à instauração da república e procurou exílio no Reino Unido, onde a Mãe, a Rainha Dona Amélia, tinha crescido.
Após o casamento com a Princesa alemã Victoria Augusta, em 1913, fixou-se em Twickenham, a Oeste de Londres, e o casal real passou a tomar parte na vida local. Conta o actual pároco, Ulick Loring, que Dom Manuel II era um frequentador assíduo da missa de Domingo. “Chegava no Rolls Royce vindo de casa com a mulher, D. Augusta”, relatou.
De acordo com os testemunhos que recolheu, “quando chegava todos se levantavam, como se fosse um Rei”.
Dom Manuel II sentava-se na frente, sinal do estatuto de que beneficiava, e “no final todos se levantavam e ninguém saía sem ele sair primeiro”.
O envolvimento na paróquia é evidenciado pelas ofertas que fez de dois vitrais, um dos quais com a imagem de Santo António e várias peças de prata, entre as quais uma baptismal, que ainda ostentam a marca real.
Os registos de nascimento mostram ainda que Ele e a Mulher foram padrinhos de várias crianças da localidade, onde deixaram marcas na toponímia local.
Ainda hoje existem ruas com os nomes de Manoel, Augusta, Lisboa e Jardins de Portugal na área onde se situava casa onde habitou e que entretanto foi destruída para dar lugar a novas habitações.
O amor a Portugal de D. Manuel II seria reiterado, argumentou Howe, quando, durante a I Guerra Mundial se ofereceu para lutar ao lado dos portugueses, o que terá sido recusado pelo Governo republicano.
O seu trabalho em catalogar os livros portugueses do século XV, disse este historiador, é também um legado importante.
Todavia, o verdadeiro patriotismo revelou-se ao distanciar-se dos levantamentos armados dos monárquicos em Portugal.
“Era um verdadeiro patriota porque não queria que os portugueses morressem pela sua causa”, elogia o biógrafo britânico.
O receio era, enfatiza, que, se voltasse a Portugal, como pretendiam os monárquicos, “teria havido uma guerra civil e muitas pessoas teriam morrido”.
 

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