terça-feira, 9 de novembro de 2010

CARTA AO EURODEPUTADO CAPOULA SANTOS


Caro camarada Capoula Santos

Li o seu artigo sobre o Centenário da República, no Jornal Montemorense, vou começar pela sua alegação de que não sabe como vai acabar a 2º República, então não sabe como acabou ? Não me diga que de 1928 a 1974 não foi uma república, se não foi eu gostava que me respondesse a esta perguntar elementar que o miúdo que  fala na notícia já deve saber melhor “Se o Estado Novo não era uma república quem era o Rei ?” Vivemos na 3ª República por muito que custe ao caro deputado e a outros militantes do Partido Socialista. Como militante do Partido Socialista que sou há 16 anos nunca alinhei e nunca me vou deixar alinhar pela cultura da política “adesiva”, como um profundo amante da História de Portugal ao longo dos anos aprofundei-me sobre o assunto no Portugal do Séc.XIX/XX.

É fácil justificar o Portugal de antes de 1910, mas justifique-me os estudos económicos como este : http://esquerdamonarquica.wordpress.com/2010/09/20/defice-divida-publica-e-outras-propagadas-demagogicas-dos-republicanos/ 

O Portugal Republicano de 1910 a 1928 afundou de tal maneira a economia que em 1920 o PIB era de -27% ! Morreram milhares de militares em La Lys na 1ª Guerra quando o Corpo Expedicionário Português foi abandonado pelo Governo Português e pelo carrasco Afonso Costa que os mandou para o campo de batalha em nome do prestígio perdido pelo facto de deixar de ser uma Monarquia, os republicanos não falam que o CEP era a única unidade militar na 1ª Grande Guerra sem logística e sem rotatividade de pessoal no campo de batalha ( os ingleses depois de 6 meses iam para casa ). Sidónio Pais subiu ao poder como resposta ao descontentamento da população com a República e foi o primeiro presidente votado por sufrágio universal depois de 1910, mas os republicanos descontentes mataram-no … Houve a Monarquia do Norte porque grande parte das Forças Armadas Portuguesas já não se reviam no ideal republica que os traiu no campo de batalha se não fosse a Guarda Pretoriana a GNR e os neo-FP-25 da Carbonária teria sido o destino diferente. O Grande Gago Coutinho nessa altura deixou de acreditar na republica assim como tantos que antes de 1910 acreditavam na utopia, Agostinho da Silva e mesmo Homem Christo.  Utopia que o Partido Republicano Português nunca conseguiu resolver porque nunca teve discurso económico, se o Povo estava mal em 1910 ficou cada vez pior, ninguém comemorou a perseguição a Sindicalistas, ninguém comemorou as técnicas neo-nazis que usavam para medir crânios,, ninguém falou nas perseguições, mortes e prisões de religiosos e religiosas.

Economicamente foi o pior período, o preço do pão aumento 21 vezes de 1910 a 1926, será que era a culpa ainda do Rei que não governava mas sim reinava até 1910 ? Em 1910 Portugal já tinha recuperado com sucesso a Banca Rota de 1891 em consequência da crise mundial fomentada pela perda da Monarquia no Brasil ( historicamente documentado ). O Povo era pobre pois era mas não votou a República, a esmagadora maioria das pessoas fora de Lisboa e Porto não eram republicanos … tanto que a imposição desta só lhes chegou por telégrafo.

Democracia ? onde ? se em 1910 em Monarquia o universo eleitoral era de 800 mil pessoas  a Constituição Republicana de 1911 era tão “democrática” que cortou o universo para 400 e tal mil onde só podiam votar os chefes de família letrados, analfabetos e deficientes eram lixo. As mulheres como sempre falou-se muito delas … mas eram só para procriar porque nem sequer o direito ao voto tinham. E então a política colonial republicana ? não se comemorou ? Só interessa falar do que é conveniente … mas legitimaram o professor de finanças ir para o poder porque já ninguém conseguia controlar o descalabro em que Portugal se tinha metido.

Razão tinha o camarada Antero de Quental, dizia que a República era uma loucura, Oliveira Martins dizia que era a Ibéria e Castela … e eram Socialistas.  Era bom que os socialistas de hoje soubessem bem as origens do Socialismo em Portugal e que nunca confundissem com republicanismo, os socialistas de Antero queriam resolver os problemas da sociedade e nem queriam saber do problema de regime. É este o Socialismo em que me revejo, penso que por vezes é necessário voltar às origens para entender a verdadeira razão de ser do que queremos e o que desejamos. Sinto com algum contentamento verificar que há muitos camaradas socialistas monárquicos como eu, tenho pena é que não tenham a coragem de se afirmarem publicamente … alguns iam perder os cargos políticos que já têm.

O História não se repete mas pode ter certeza de várias coisas, depois de uma crise económica grave vem sempre : fome, miséria, revoluções, guerras … foi isto que os últimos 100 anos deram à Europa. Foi assim em 1910, 1928, 1974 … crises económicas seguidas do que já sabemos, que não matam a fome, não dão emprego e nem pagam as contas. É fácil falar na Liberdade mas essa acaba quando põe em causa a Liberdade dos outros, não há Liberdade quando não dinheiro para alimentar um estômago, não há Liberdade quando se tem um contrato precário, não há Liberdade quando não há Justiça Social … aliás somos os campeões segundo a OCDE em 2008 somos o 27º !



Cumprimentos
Militante da Distrital de Aveiro
Rui Monteiro
(Fonte: Blogue "Esquerda Monárquica")

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