Tendo em conta que hoje se realizou o XXIII Congresso do Partido Popular Monárquico – PPM, no qual, foi eleito para novo mandato, o Dr. Paulo Estêvão para Presidente do Partido, gostaria de tecer alguns comentários sobre os últimos acontecimentos relacionados com este Partido histórico da Democracia Portuguesa, enquanto Monárquico.
1- Se é verdade que até há bem pouco tempo havia uma situação de guerrilha entre o PPM, nomeadamente o seu ex-Presidente e os restantes monárquicos, hoje, apraz-me poder afirmar com enorme satisfação, que tal não acontece mais; a família monárquica está portanto bem unida, à parte ainda algumas pessoas que eventualmente não tenham concordado com esta união, relativamente, à Sucessão Dinástica Portuguesa, mas felizmente que em termos consequentes, tal situação já está sanada definitivamente!
2- O PPM, desde a sua fundação, tem sido mais do que um Partido pró-Monarquia. Tem sido um partido que tem defendido a nossa terra, a nossa paisagem, a identidade portuguesa. É um Partido cuja principal finalidade é contribuir para a restauração da Monarquia em Portugal, mas também é um Partido pró-exectivo, isto é, é um partido que se preocupa, como acabo de o referir, com as mais diversas áreas da vida portuguesa.
3- Permitam-me citar o Dr. Paulo Estêvão a uma Entrevista ao jornal “O Diabo”:
“
7 – Um dos maiores princípios não escritos do PPM é que se extinguirá no momento em que o regime em Portugal voltar à monarquia. Concorda?
Sim. A principal razão da nossa existência, para além de um Programa partidário muito rico em causas nacionais, tem a ver com a defesa de um sistema constitucional monárquico à semelhança dos que existem em países tão desenvolvidos e estáveis como a Suécia, a Holanda, a Nova Zelândia, a Bélgica, a Grã-Bretanha, o Luxemburgo, o Canadá, a Espanha, a Austrália, a Dinamarca, a Noruega, o Japão e muitos outros.
Somos monárquicos que acreditamos que a alteração do nosso sistema de governo se deve fazer no âmbito da luta partidária e democrática. Aliás, os republicanos fizeram o mesmo durante a nossa monarquia constitucional. O Partido Republicano Português obteve várias vezes representação parlamentar e diversas figuras emblemáticas da I República, como o Afonso Costa ou o Manuel de Arriaga, integraram o Parlamento da Monarquia Constitucional Portuguesa.
O que se passou é que como nunca lograram ganhar nas urnas decidiram matar o Rei e provocar um golpe de Estado contra um Governo eleito democraticamente. A seguir o PRP criou um regime não democrático, em que através da coacção e do assassinato político logrou ganhar todas as eleições que se realizaram durante a I República (sendo que apenas votava 30% da população masculina, algo confrangedor quando comparado com os 70% da população masculina que votava na monarquia).
Em síntese, manter-nos-emos fiéis aos mecanismos democráticos e deixamos métodos como o assassinato político e a revolta armada para o cardápio comemorativo da República. Se viermos a ser novamente uma monarquia, o Partido Popular Monárquico extinguir-se-á ao contrário do que fez o Partido Republicano Português que dedicou o melhor do seu tempo a tentar extinguir a oposição política.
8 – Os monárquicos em Portugal parecem divididos entre os apoiantes de D. Duarte e os detractores. Faz sentido? Deve o PPM participar nessa luta?
Não faz nenhum sentido e nós não participamos, nem promovemos, esse género de questões.
9 – Para si, quais os valores que o partido defende e que mais nenhum, em Portugal, considera? O que me fará votar PPM?
Os nossos valores são, glosando o que disse em determinada altura o Primeiro-Ministro que temos a infelicidade de nos governar: ”Portugal, Portugal … Portugal”. (Fonte: Blogue do PPM)
O Partido Popular Monárquico é o único partido que defende, do ponto de vista programático e estatutário, a criação de uma monarquia constitucional. Ou seja, uma alteração do regime político vigente e uma alternativa real para Portugal. Quando a situação económica e político-partidária do país entrou em colapso em 1926, a solução encontrada por alguns sectores foi um Golpe de Estado que deu origem à ditadura militar e ao Estado Novo. Por sua vez, o envelhecimento e a decadência do regime que sucedeu à I República teve como desenlace final o golpe militar de 1974.
Actualmente vivemos, novamente, uma situação de ruptura económica, social e política. O sistema político está arruinado pela lógica de facção e o triunfo da mediocridade dos carreiristas políticos. A situação orçamental do Estado é dramática, mas os agentes político-partidários estão reféns do sistema clientelar que criaram e demonstram total incapacidade de inverter o rumo dos acontecimentos. O sistema judicial está transformado num caos e é refém do sistema partidário vigente.
Nesta situação, algo tem de mudar antes que se instale a desordem, a bancarrota e o caos. Tudo precisa de começar de novo, de forma a extirpar os cancros instalados no corpo da nação. A solução não passa, nos nossos dias, por um pronunciamento militar. A solução passa pela regeneração do sistema político, através da criação de uma monarquia constitucional. Pelo surgimento e afirmação de novos partidos políticos imbuídos de um forte sentimento patriótico e libertos das clientelas tradicionais. Tudo isto arbitrado, com total isenção, por um Rei que seja fonte e garante da unidade da nação portuguesa. A restauração da monarquia portuguesa é a única válvula de escape que nos resta para regenerar o país. Não existe outra alternativa.
O PPM tem todas as condições para corporalizar uma alternativa real ao actual regime. Descrevemos, nesta entrevista, os nossos propósitos para o futuro, mas o nosso passado, enquanto partido de Governo (1979-1983), não deixa dúvidas em relação à firmeza da nossa proposta política: foi nossa a iniciativa parlamentar de extinguir o Conselho da Revolução (1982) e o consequente início do trilho rumo a uma sociedade verdadeiramente pluralista e democrática, livre de tutelas político-militares de natureza marxista.
Lisboa, 4 de Julho de 2010
Paulo Estêvão”
Conclusões: Cabe ao PPM acima de tudo, lutar por um Portugal melhor. Não vejo, por que não haver um Partido Monárquico, afinal, se este havendo no futuro Monarquia acabará por deixar de existir, porque obviamente, um Rei não pode ter nenhum partido a apoiá-lo, nem o Rei poderá apoiar um partido político, seria contrasensual. Assim, ao contrário do que pensava anteriormente, em que era contra a existência do próprio PPM, a verdade é que se a Família Monárquica está unida no essencial, podem os monárquicos perfeitamente estar com quem bem entendem e trabalhar o melhor possível para a mudança de regime em Portugal. Uns não são nem serão nunca mais monárquicos do que outros.
Sou Associado da Real Associação de Lisboa, entrei em rotura com a actual Direcção da mesma e também pretendo me demitir do cargo de Conselheiro Monárquico, mas não deixarei nunca de participar na vida associativa da dita associação. Agora, nada me impedirá, nestes novos contextos actuais, de um dia, se me der na cabeça, me tornar Militante do Partido Popular Monárquico; por uma simples razão:
a) é verdade que há monárquicos noutros partidos;
b) o problema é que nesta fase “do campeonato” já não consigo me rever em nenhum dos partidos do sistema, digamos….
Os meus sinceros votos para que a Direcção liderada pelo Dr. Paulo Estêvão, seja bem sucedida por um Portugal melhor; tendo em conta a realidade actual do nosso País, neste momento, precisamos mesmo de uma mudança e ajudar o PPM a ganhar mais militantes, certamente, poderá ser bastante entusiasmante; pois só assim, se tornará num partido cada vez mais forte.
Nota final: ao defender directamente ou indirectamente a existência do PPM e ao mostrar disponibilidade em ajudar este partido, não estou a trair nem o principio monárquico, e muito menos Sua Alteza Real o Senhor Dom Duarte de Bragança, em quem reconheço total Legitimidade na Sucessão Dinástica Portuguesa, tal como anteriores Dirigentes do Partido assim o fizeram.
David Garcia no blogue "Um Passado, Um Presente e Um Futuro"
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