"À incapacidade para romper o cerco e democratizar o sistema de representação política a República do PRP juntou outros três erros capitais. Desde logo, o permitir que a justa prioridade da política de laicização do Estado escorregasse para uma "questão religiosa", dando à Igreja Católica o pretexto para concitar o mundo rural contra os "inimigos da religião", contra a República "ateia" e as cidades "grevistas" e "desordeiras" - ou seja, os excessos do jacobinismo davam a uma Igreja, como era a portuguesa à época da implantação da República, ultramontana e subversiva, o poderoso argumento da "religião" para agravar o cerco ao novo regime. Um ataque que se revelaria sempre eficaz, mesmo depois de a questão ser pacificada pelas medidas sidonistas de reforma da Lei da Separação, em 1918.
E a isto se soma talvez a rotura mais grave: a do "Bloco do 5 de Outubro", a da aliança da I República com o operariado organizado. Era esse o sustentáculo do republicanismo nas cidades. A total insensibilidade do novo regime face à questão social, a repressão brutal e quase contínua de que, entre 1911 e 1926, o movimento sindical é objecto acabarão por fazer o operariado organizado desistir da República do "racha-sindicalistas" Afonso Costa, em Dezembro de 1917, como abandonarão a de António Maria da Silva e dos "bonzos" do PRP no pós-guerra. Sendo certo que pela República se tinham batido na Rotunda em 1910, contra a ditadura de Pimenta de Castro em 1915, escalando Monsanto contra o restauracionismo monárquico em 1919 ou saindo em massa, à rua, em Fevereiro de 1924 e de 1925. Depois das deportações sem julgamento de activistas sindicais para as colónias, em 1924 e 1925, a CGT anarco-sindicalista denuncia a "República dos assassinos e das deportações", afasta-se das tentativas de unidade com a esquerda republicana e, na prática, assistirá quase só com condenações pias do "militarismo" ao golpe de 28 de Maio de 1926."
A tudo isto falta no final do texto o reconhecimento, deste assumido historiador marxista, que a I República foi uma vergonha se comparada com a monarquia dos primórdios do séc XX. "Para pior" é o termo, único, e correcto do sexto pecado.
João Amorim
Fonte: Centenário da República
E a isto se soma talvez a rotura mais grave: a do "Bloco do 5 de Outubro", a da aliança da I República com o operariado organizado. Era esse o sustentáculo do republicanismo nas cidades. A total insensibilidade do novo regime face à questão social, a repressão brutal e quase contínua de que, entre 1911 e 1926, o movimento sindical é objecto acabarão por fazer o operariado organizado desistir da República do "racha-sindicalistas" Afonso Costa, em Dezembro de 1917, como abandonarão a de António Maria da Silva e dos "bonzos" do PRP no pós-guerra. Sendo certo que pela República se tinham batido na Rotunda em 1910, contra a ditadura de Pimenta de Castro em 1915, escalando Monsanto contra o restauracionismo monárquico em 1919 ou saindo em massa, à rua, em Fevereiro de 1924 e de 1925. Depois das deportações sem julgamento de activistas sindicais para as colónias, em 1924 e 1925, a CGT anarco-sindicalista denuncia a "República dos assassinos e das deportações", afasta-se das tentativas de unidade com a esquerda republicana e, na prática, assistirá quase só com condenações pias do "militarismo" ao golpe de 28 de Maio de 1926."
A tudo isto falta no final do texto o reconhecimento, deste assumido historiador marxista, que a I República foi uma vergonha se comparada com a monarquia dos primórdios do séc XX. "Para pior" é o termo, único, e correcto do sexto pecado.
João Amorim
Fonte: Centenário da República
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