Eis a que terá sido, possivelmente, a sua última entrevista. Ao Monarquia do Norte, da Real Associação do Porto (Março/1998):
1 – Monarquia e socialismo democrático: é verdade que entre ambos não existe entendimento possivel?
R. - Os países onde os partidos social-democratas são os que têm mais profunda base eleitoral são os países monárquicos.
A questão não teria sentido posta a um norueguês, sueco ou dinamarquês.
Assim como não teria sentido posta a um inglês – Tony Blair é um monárquico – ou a um holandês. Ou a um belga… ou, ainda, a um luxemburguês ou a um espanhol. Quando Santiago Carrillo agradece ao seu Rei…
Na Europa, social-democracia e monarquia entendem-se bem… Muito bem até…
De resto, o Rei não descrimina os cidadãos por nenhuns motivos, principalmente por razões ideológicas…
Em Portugal, nos seus primórdios o Partido Socialista manteve-se alheio ao debate monarquia/república, que não considerava prioritário ou essencial.
2 – A Família Real é, no presente, uma mera referência do passado?
R. - Na vossa questão o essencial é a expressão “referência”.
Diria ser a família real uma referência no passado, no presente e no futuro. Como poderá tal referência adquirir relevância no plano institucional é uma outra questão.
3 – Monarquia em Portugal: a questão está definitivamente encerrada?
R. Não existem “conquistas irreversíveis, nem questões “definitivamente” encerradas.
A História faz-se todos os dias e não tem fim, pois não é uma entidade fixa, cindível em compartimentos ou momentos estanques, mas uma convergência de integrantes transformadoras.
Só o futuro dirá como vai ser o futuro…
Uma vez mais, a homenagem de um homem de Direita, livre, a outro homem de Esquerda, livre também.
Publicada por João Afonso Machado, Blogue Centenário da República
Sem comentários:
Enviar um comentário